Colapso no transporte pode comprometer economia em 2021
O alerta é da Frente Nacional de Prefeitos e de entidades de empresas de transporte rodoviário e ferroviário no Brasil. O veto integral do presidente Jair Bolsonaro à ajuda de R$ 4 bilhões para o setor, como tem sido feito em todo o mundo em função da queda drástica de passageiros na pandemia, pode paralisar os sistemas de mobilidade das metrópoles e comprometer a retomada do crescimento econômico prevista para 2021.
O novo manifesto contra o veto presidencial ao projeto de lei 3364/2020 é assinado pela frente de prefeitos, pela Associação Internacional de Transporte Público (UITP-América Latina), a Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) e pelo Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana. As entidades pedem uma solução e manifestam preocupação com a manutenção do serviço de transporte público.
52 milhões de passageiros
“A falta de recursos afetará milhões de brasileiros que só tem o transporte público como meio de deslocamento – os serviços de transporte coletivo por ônibus urbano atendiam, antes da pandemia, cerca de 40 milhões de pessoas diariamente, e os serviços metroferroviários mais 12 milhões”, diz a nota conjunta.
Para se chegar ao projeto do socorro governamental, durante oito meses o Congresso, os ministérios da Economia, do Desenvolvimento Regional e da Infraestrutura, estados e municípios analisam informações sobre a queda vertiginosa de passageiros e a manutenção da oferta de trens e ônibus para atender das atividades essenciais e os protocolos de saúde na pandemia. “Em junho de 2020, o déficit já era da ordem de R$ 3,72 bilhões para o transporte por ônibus e de R$ 3,3 bilhões para o transporte metroferroviário, e continuou crescendo desde então”, diz a nota.
Risco de ‘falências e desistências’
“O veto integral ao Projeto de Lei compromete a sustentabilidade dos sistemas de transporte público em todo o País e coloca em risco milhares de empregos diretos e indiretos, além da arrecadação de tributos do próprio Estado. As empresas de ônibus contemplam 405 mil empregos diretos e cerca de 1,2 milhão de empregos indiretos, enquanto as empresas metroferroviárias respondem por mais 42 mil empregos diretos e mais de 120 mil indiretos”, enumera o documento, acrescentando que “diversos países tomaram rápidas medidas em socorro ao transporte para garantir a mobilidade e a recuperação das economias locais”. O DIÁRIO DO PORTO informou sobre o que foi feito em outros países.
O documento conjunto lembra que, por conta da pandemia, por um longo período a oferta de veículos ainda deve ser maior do que o número de passageiros, “até que a população se sinta mais segura e a economia mais forte, fatos que continuarão a produzir déficits cujo equacionamento tenderá a produzir redução na oferta de serviços, falências e desistências de operadores”.
As entidades pedem que o Governo reconsidere a decisão em um momento em que os casos de Covid-19 voltam a subir, “encontrando o setor fragilizado e incapacitado de garantir a continuidade plena da prestação dos serviços no elevado nível de oferta exigido durante a pandemia, segundo os rígidos protocolos indicados pelas autoridades sanitárias e poder público, necessários para garantir a saúde e a segurança de colaboradores e passageiros”. Um colapso do sistema de transporte “pode comprometer a própria retomada econômica em 2021”, afirma o texto.
Fonte Diário do Porto
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