Prefeitura libera parte dos corredores exclusivos de ônibus para táxis e vans, na reta final do governo Crivella

Foto: Cleber Mendes/Agência O Dia


A Prefeitura do Rio implementou novas mudanças no sistema de mobilidade urbana do Rio às vésperas da eleição. A partir desta sexta-feira, dia 13, todas as vans licitadas da Zona Sul estarão liberadas para circular em um determinado trecho das faixas do BRS, até então exclusivas para ônibus, de Copacabana. Além disso, o governo municipal autorizou os taxistas a trafegarem com passageiros nos corredores dos corredores expressos de ônibus BRT entre as estações Alvorada e do Galeão, nos dois sentidos.

A modificação na rota das vans foi publicada ontem no Diário Oficial, sendo válida só para as 66 que fazem as linhas L2101 (Parque da Cidade-Gávea) e L2102 (Parque da Cidade-Fashion Mall), que atendem em média 40 mil pessoas por dia, em especial moradores da Rocinha e do Vidigal. Já a autorização e as regras de utilização do BRT pelos taxistas deverão ser publicadas no D.O. de hoje.

Em nota, a prefeitura explicou que a liberação do tráfego das vans no BRS era reivindicação de lideranças comunitárias e vida garantir o acesso de moradores de comunidades a pontos de integração com outros modais, como o ônibus e o metrô. Na justificativa para autorizar os táxis a utilizarem as pistas do BRT, o município alega que a pandemia exige medidas excepcionais para estimular o turismo e a economia. O texto pontua o caráter experimental da medida, que deverá ser continuamente avaliada.

Segundo Vitor Rodrigues, diretor do Movimento em Defesa do Transporte Alternativo, a liberação das vans foi benéfica. Ele diz que a mudança não terá impacto forte no trânsito devido à pouca quantidade de carros e ao intervalo entre as vans, de 10 minutos.

— Essa medida vai ao encontro do interesse da população que mora nas comunidades da Rocinha e do Vidigal, que todo santo dia, para ir trabalhar, precisa ficar trocando de transporte — comenta.

Contrário à decisão de dar passe-livre a vans e táxis no BRS e no BRT, o Rio Ônibus rebate.

— Quando você permite que vans, que táxis, que todo mundo fique andando na faixa seletiva, ela deixa de ser seletiva e vira uma nova faixa de engarrafamento — adverte Paulo Valente, porta-voz do sindicato.

Presidente de associação de moradores de Copacabana, Horácio Magalhães também discorda do decreto das vans:

— É um retrocesso. Vai descaracterizar por completo o BRS. E vai modificar, sim, o trânsito, porque quando as vans circulam é motivo de muita retenção — defende Horácio.

Por outro lado, Allan Ramos, diretor do Sindicato dos Taxistas do Município do Rio, comemora o decreto que diz respeito a táxis no BRT:

— Vai auxiliar muito o taxista. Vai ser o diferencial com relação a nossa concorrência, que são os motoristas de aplicativo.

Mas para a especialista em mobilidade urbana Clarisse Linke, a mudança é negativa:

— O foco deveria ser no congestionamento no qual os ônibus ficam e o impacto que isso vai trazer para os usuários do transporte público, que é a maior parte da população.

O consórcio BRT se pronunciou somente nesta sexta-feira, dia 13, por meio de nota. A autorização de táxis na faixa exclusiva do corredor foi classificada como "uma decisão equivocada" e "irresponsável". O consórcio afirma que a alteração pode comprometer a operação do sistema, impactar no tempo de viagem e causar acidentes. A empresa cita a colisão na estação Interlagos, ocorrida em setembro deste ano.

Regras para táxis

Os táxis só poderão circular no BRT se estiverem com passageiros e taxímetro ligado e terão que seguir regras como não fazer embarque e desembarque de passageiros ao longo do trajeto, obedecer ao mesmo limite de velocidade dos ônibus e trafegar com os faróis acesos 24 horas por dia. A circulação dos táxis dependerá da instalação de sinalização horizontal e vertical, a cargo da CET-Rio. Taxistas não poderão fazer manobras de ultrapassagem dos ônibus BRT.

Medida suspensa

Essa não é a primeira vez que a circulação de táxis no Transcarioca é autorizada. Em 2017, a prefeitura liberou alguns trechos da faixa exclusiva para a circulação de taxistas. Em 2019, um Projeto de Lei de autoria da vereadora Vera Lins (PP) chegou a ser promulgado pela Câmara, mas foi suspenso pela prefeitura, sob a alegação de que eram necessários ajustes de sinalização gráfica e semafórica, além de sistema de fiscalização eletrônica.

Fonte: Jornal Extra

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