Minas Gerais. Paralisação afeta 26 linhas de ônibus em Esmeraldas e Ribeirão das Neves




Funcionários da empresa Saritur que fazem o transporte de passageiros em Ribeirão das Neves e Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte, cruzaram os braços na manhã desta segunda-feira (30). Os trabalhadores fazem uma manifestação por melhores condições de trabalho e contra o anúncio de parcelamento do décimo terceiro salário que pode ser pago em até cinco vezes. De acordo com a categoria, 26 linhas estão paralisadas. 

Os funcionários se concentraram na porta da garagem da empresa, no bairro Florença em Ribeirão das Neves, onde nenhum ônibus saiu nesta segunda-feira. Segundo o motorista Lafaiete Fernandes Cacique, o parcelamento do décimo terceiro salário foi apenas o estopim para que o protesto ocorresse. 

“O décimo terceiro foi a gota d’água, tem muitas outras irregularidades, por exemplo, diminuíram nosso salário, mas a carga horária não foi diminuída. O ticket refeição, a gente trabalha 26 dias no mês e só recebe metade. Eles não tem controle e não pagam as nossas horas extras. Então estamos tendo um retrocesso dos benefícios que a gente tinha conquistado com muito trabalho”, afirma o motorista.

Os funcionários também reclamam da falta de banheiros nos pontos finais das linhas e alegam estarem trabalhando em condições insalubres. Em relação ao décimo terceiro, os funcionários disseram que após o início do protesto um aviso foi fixado no mural da unidade dando conta de que a empresa voltou atrás na decisão e o benefício será pago em duas vezes. Mesmo assim, a categoria decidiu manter a paralisação.

O advogado dos trabalhadores, Adriano Godinho, afirma que a empresa só aceita conversar com representantes do sindicato da categoria. 

“A empresa não deu resposta alguma. Falaram apenas com dois representantes que não podem atendê-los, somente se o sindicato comparecer. O sindicato está ciente da insatisfação de todos os colaboradores e por enquanto está inerte. Vamos aguardar”, pontuou o advogado. 

Resposta

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram) informou por meio de nota que a crise provocada pela pandemia ao longo de todo resultou em prejuízos de mais de R$ 100 milhões ao setor na região metropolitana de Belo Horizonte e com isso as empresas apresentaram uma proposta de pagamento do décimo terceiro salário de forma parcelada, em até cinco vezes. O Sintram ressaltou que a negociação foi feita junto ao sindicato que representa a categoria.

Ainda por meio do Sintram, a Saritur informou que vai pagar 50% do décimo terceiro salário dos funcionários nesta segunda-feira (30) e vai se reunir com representantes do sindicato da categoria. A reportagem tentou contato direto com a concessionária, mas os telefones disponíveis no site da empresa não atendem.

A reportagem ainda tenta contato com o sindicato que representa os trabalhadores da Saritur.

Sem alternativa

A paralisação dos motoristas da Saritur pegou de surpresa o pintor Fernando Cardoso,32, de surpresa. Ele esperava conseguir ir até ao centro de Belo Horizonte para um compromisso, mas ficou na mão. Ele reclama que os funcionários podiam ter feito, ao menos, um funcionamento em escala mínima. 

“Já tem uma hora e trinta minutos que estou no ponto esperando o ônibus. Podia ter tido pelo menos um aviso prévio, ou uma quantidade de ônibus razoável para as pessoas se deslocarem para o centro”, afirmou. 

A falta de ônibus fez com que os perueiros entrassem em ação em Ribeirão das Neves. Ainda no bairro Florença, às margens da BR-040, a reportagem de O TEMPO conseguiu flagrar alguns vans oferecendo transporte aos passageiros que estavam no ponto de ônibus.

A faxineira Isabel Neres, 52, se preocupa com a falta de segurança no transporte clandestino, mas diz não ter outro alternativa para chegar ao trabalho, em Belo Horizonte. 

“Preocupa, mas tem hora que a gente não tem opção. Todo dia a gente enfrenta dificuldade aqui. Quando não é manifestação é engarrafamento por excesso de carros. Então essa região de Ribeirão das Neves tem sido muito difícil para os moradores”, afirma.

Fonte: O Tempo

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