Rio de Janeiro-RJ. Baldeação é a sugestão da prefeitura para passageiros de linhas que sumiram na Zona Oeste





A prefeitura do Rio divulgou nesta tarde o relatório preparado pelo comitê emergencial criado em 11 de agosto, com o objetivo de apresentar soluções para a reclamações de passageiros sobre o sumiço de linhas de ônibus na cidade, durante a pandemia. O prazo para a conclusão do estudo terminou na última sexta-feira e se concentrou nas queixas registradas através do serviço “SMTR e você”, da Secretaria municipal de Transportes, e enviadas pelo Whatsapp (98909-3717).

O resultado considerado positivo, pela prefeitura, a volta de 76 linhas, já era conhecido do público, desde agosto, quando a Secretaria municipal de Transpotes reforçou as ações de fiscalização nas garagens. Mesmo assim há queixas de que algumas destas linhas estão circulando com poucos carros e em horários irregulares. Também foi destacado como positivo o reforço na frota de 14 itinerários (383,393,397,731,745, 759,794,801,819,821,825,852,864 e 883).

A principal novidade apresentada no relatório é a necessidade de readequação de 12 serviços, de um total de 19, que estão inoperantes na Zona Oeste. E para isso, a prefeitura promete ouvir os usuários, os principais interessados. Mas, até lá, sugere que eles recorram a baldeações em seus deslocamentos.

São apresentadas inclusive opções de itinerários aos quais os passageiros podem recorrer, sem precisar pagar outra passagem, desde que utilizem o Bilhete Único. Entre estes serviços, sete são itinerários longos que ligam ao Centro bairros da Zona Oeste, como Campo Grande, Cosmos, Padre Miguel e Realengo. Exemplificando: uma das opções apresentadas aos usuários da 398, que liga Campo Grande ao Centro, mas desapareceu das ruas, é a 394, que parte da Vila Kennedy.

—Baldeação é mais um problema do que solução. Passageiros da Zona Oeste, no geral, já são forçados a isso há muito tempo. Desde gestões passadas que querem nos passar essa ideia como solução. Não é a toa que muitos têm que pagar uma terceira passagem do bolso — reclama Jorge Lucas Araújo, de 24 anos, morador de Campo Grande.

A secretaria garante que, em princípio, não haverá exclusão ou extinção de nenhuma dessas 19 linhas. O comitê seguirá os trabalhos, analisando a readequação, que poderá ser o encurtamento, extensão ou modificação de itinerário. A SMTR não definiu prazo para isso, mas garantiu que pretende ouvir os usuários, antes de tomar uma decisão. No entanto, não informou como será a consulta.

Durante a coleta de dados, segundo o órgão, o comitê recorreu a informações de dados cadastrais da frota, monitoramento por GPS, dados sobre demanda extraídos de relatórios diários de operação, e estudos técnicos, elaborados pela Coordenadoria de Planejamento do Sistema. O trabalho do comitê criado de forma emergecial, será permanente segundo a pasta.

De acordo com a secretaria, os técnicos se debruçaram na questão durante os 30 dias. Durante esse período, avaliaram as linhas mais criticadas pelo canal de comunicação com o usuário, criado durante a pandemia, com foco na Zona Oeste, região que concentra o maior volume de reclamações. Segundo a SMTR, o comitê contou com técnicos altamente especializados e atuou junto aos operadores do sistema de ônibus municipais, buscando corrigir os problemas apontados pela população.

— O objetivo central deste trabalho é corrigir as falhas e promover as mudanças necessárias para que o cidadão carioca, em meio a maior crise da mobilidade urbana nos últimos 50 anos, não seja penalizado pela interrupção dos serviços e tenha garantido o seu direito de ir e vir, como reivindica e merece. As garagens, terminais e pontos de ônibus seguirão sendo alvos de ações de fiscalização rigorosa da SMTR. O comitê será um núcleo permanente na secretaria — prometeu Paulo Jobim, secretário municipal de Transportes.

Segundo o órgão, no total foram recebidas 128 queixas somente sobre linhas que operam na Zona Oeste, referentes a 61 serviços específicos, representando quase metade do total de reclamações recebidas sobre os serviços dos quatro consórcios (Santa Cruz, Transcarioca, Internorte e Intersul).

Das linhas reclamadas na Zona Oeste, 40 estavam inoperantes e foram objeto de estudo detalhado dos técnicos. Outras 21 estavam circulando com frota reduzida e tiveram reforço com ganho de 72 veículos.

Durante esse período foram realizadas 135 inspeções em 25 diferentes garagens de empresas. Ao longo das ações operacionais do comitê, 214 multas foram aplicadas por irregularidades, como má conservação dos coletivos, colocar veículo em circulação sem vistoria e descumprimento de protocolos sanitários.

Reclamações continuam

A linha 311, que está na lista da prefeitura como uma das que voltaram a circular ainda é alvo de queixa dos passageiros. Eles alegam contar só com um ônibus no intinerário entre Engenheiro Leal, na Zona Norte, e Candelária, no Centro. Os usuários cobram ainda a volta das 651 e 652, que ligam o Méier à Cascadura e estão desaparecidas desde julho, quando a empresa Estrela, responsável pelo itinerário encerrou as atividades.

— A 651 e a 652 nunca mais apareceram. A gente nunca mais viu. Já a 311, depois de uma semana (do desaparecimento) colocaram um ônibus para fazer a linha toda, ou seja, apenas um coletivo para ir e voltar de Engenheiro Leal ao Centro. Então, tá tudo na mesma. Nada mudou, porque não dá para contar com ele. É uma demora média de pelo menos duas horas — reclama o analista de negócios João Carlos de Oliveira, de 22 anos, morador em Tomás Coelho.

Moradores de Sepetiba se queixam da escassez de linhas de ônibus no bairro, já que a maioria das linhas desapareceram. O professor Thiago Cruz, de 28 diz de que a população está ilhada.

— Hoje Sepetiba está praticamenrte isolada do resto da cidade. Nem com os bairros vizinhos nós temos conexões. Perdemos muitas linhas. Só temos duas, a 884 e 898, ambas para Campo Grande, mesmo assim muito precárias. A primeira com ônibus caindo aos pedaços. A segunda só conta com microônibus que circulam sempre lotados nos horários de pico. Já as 891 (que segundo aa prefeitura voltou a circular) nunca mais consegui pegar. Mas, conversando com alguns moradores, relataram que tem passado às vezes pela manhã e tem dias que nem passa — afirmou o passageiro

Os 12 serviços inoperantes e as opções apresentadas pela prefeitura:

358 (Cosmos x Candelária)

Linhas alternativas: 397, 756, 770, 821 e 898

364 (Jardim Bangu x Tiradentes)

Linhas alternativas: 379 e 819

366 (Campo Grande x Tiradentes)

Linhas alternativas: 394, 770, 790 e 821

367 (Realengo x Camerino)

Linhas alternativas: 355, 361, 383, 393, 793 e 801

391 (Padre Miguel x Pça. Tiradentes)

Linhas alternativas: 371, 383, 636, 794 e 918

396 (B. Jabour x Candelária)

Linhas alternativas: 397 e 442

398 (Campo Grande x Tiradentes)

Linhas alternativas: 394, 790, 821 e 936

742 (Barata x Cascadura)

Linhas alternativas: 383, 667, 777, 790 e 794

772 (Bangu x Coelho Neto)

Linhas alternativas: 369, 393, 756 e 812

813 (Maguariba x Santa Cruz)

Linha alternativa: 759

872 (Sepetiba x Est. Cesarão III)

Linhas alternativas: 759 e 898

933 (Catiri x Cidade Universitária)

Linhas alternativas: 731, 790, 926 e 936

Linhas que voltaram, segundo a SMTR:

SE 17 (Campo Grande x Santa Cruz); TRONCAL 9 - 109 (São Conrado x Central); 010 (Fátima x Central); 134 (Rio Comprido x Largo do Machado); 213 (Muda x Candelária); 222 (Vila Isabel x Praça Mauá); 226 (Grajaú x Carioca); 254 (Madureira x Candelária); 277 (Rocha Miranda x Candelária); 311 (Engenho Leal x Candelária); 342 (Jardim América x Castelo); 346 (Madureira x Candelária); 349 (Rocha Miranda x Castelo); 380 (Curicica x Candelária); 384 (Pavuna x Passeio); 385 (Village Pavuna x Passeio); 388 (Santa Cruz x Candelária) ; 389 (Vila Aliança x Candelária);392 (Bangu x Candelária): 394 (Vila Kennedy x Tiradentes): 395 (Coqueiros x Tiradentes); 416 (Saens Peña x Jardim Botânico); 434 (Grajaú x Siqueira Campos); 462 (São Cristóvão x Copacabana); 615 (Pavuna x Del Castilho); 635 (Bananal x Saens Peña); 686 (Fazenda da Bica x Madureira); 687 (Pavuna x Méier); 688 (Méier x Pavuna); 693 (Méier x Alvorada); 702 (Praça Seca x Madureira); 709 (Cascadura x Amarelinho); 739 (Sulacap x Bangu); 741 (Barata x Bangu); 743 (Barata x Bangu); 744 (Realengo x Cascadura); 769 (Jardim Violeta x Madureira); 773 (Cascadura x Pavuna); 786 (Campo Grande x Marechal Hermes); 789 (Campo Grande x Cascadur); 817 (Terminal Recreio x Vargem Grande); 822 (Corcundinha x Campo Grande); 823 (Vargem Grande x Recreio); 825 (Campo Grande x Jesuítas): 830 (Pedregoso x Campo Grande); 832 (Taquara x Alvorada); 833 (Conjunto Mangaratiba x Campo Grande); 834 (Largo do Correia x Campo Grande); 836 (Caboclos x Campo Grande); 837 (Conjunto da Marinha x Campo Grande); 841 (Vilar Carioca x Campo Grande); 842 (Paciência x Campo Grande); 845 (Cantagalo x Campo Grande); 849 (Base Aérea de Santa Cruz x Campo Grande) : 854 (Campo Grande x Mato Alto); 855 (Bangu x Magarça); 869 (Santa Margarida x Campo Grande); 870 (Sepetiba x Santa Cruz); 871 (Sepetiba x Estação Cesarão); 874 (Marambaia x Estação Ilha de Guaratiba); 882 (Tanque x Alvorada); 886 (Freguesia x Barra da Tijuca); 887 (Pechincha x Barra da Tijuca); 891 (Sepetiba x Mato Alto); 893 (Jardim Palmares x Campo Grande); 895 (Serrinha x Campo Grande); 896 (Pingo D´água x Estação Mato Alto); 901 (Bonsucesso x Bananal): 915 (Bonsucesso x AIRJ): 922 (Tubiacanga x Aeroporto Internacional); 924 (Aeroporto x Bananal); 925 (Aeroporto x Bancários); 935 (Ribeira x Portuguesa); 934 (Ribeira x Portuguesa); 946 (Pavuna x Engenho da Rainha): e 963 (Santa Maria x Taquara)

Fonte: Jornal Extra

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