Metrô de São Paulo rompe novamente contrato para obras da Linha-17 Ouro do monotrilho, prometido para Copa de 2014

Obras da Linha 17-Ouro do Monotrilho em foto de 2020 — Foto: João Pedro Ribeiro/TV Globo
Foto: João Pedro Ribeiro/TV Globo


O Metrô informou neste sábado (29) no Diário Oficial do Estado de São Paulo que rompeu novamente mais um dos cinco contratos que possui para as obras da Linha 17-Ouro do monotrilho. A decisão deve atrasar ainda mais a entrega da obra, prometida para a Copa de 2014.

A construção da Linha Ouro envolve cinco contratos - um para o pátio de manutenção, três para construção de nove estações, e o principal, que contempla trens, vigas e a sinalização.

Em outubro de 2019, após outro consórcio ser afastado por descumprimento de prazos, a empresa Constran Internacional Construções venceu a licitação.

Ela ficou com a missão de implantar o futuro pátio Água Espraiada, e as estações Congonhas, Brooklin, Jardim Aeroporto, Vereador José Diniz, Campo Belo, Vila Cordeiro e Chucri Zaidan. Além disso, a empresa ficou encarregada de fazer o recapeamento e a ciclovia da Avenida Jornalista Roberto Marinho.

As concorrentes do edital, Coesa Engenharia Ltda. e Consórcio Paulitec-Sacyr, recorreram da escolha, mas a decisão foi mantida pelo Metrô. Já em 20 de julho, o TJ decidiu afastar a Constran em primeira instância atendendo a uma ação movida pela empresa Coesa, que insistiu que havia irregularidades na contratação.

A Constran recorreu, mas a Justiça manteve a decisão em segunda instância, por isso o comunicado do Metrô neste sábado. Na quarta-feira (26), o Metrô já havia anunciado no Diário Oficial que haveria uma nova licitação para definir uma empresa ou consórcio para estes serviços.

Problemas com consórcios

Em março de 2019, o Metrô decidiu rescindir unilateralmente o principal contrato de construção do monotrilho da Linha 17-Ouro. Segundo o governo do estado, a obra vinha sendo conduzida em ritmo lento pelo Consórcio Monotrilho, comandado pela empreiteira Andrade Gutierrez, pois a fabricante de trens, Scomi, com sede na Malásia, que também fazia parte do consórcio, faliu.

A decisão exigiu novos editais de concorrência para licitação da obra. Em janeiro, o Metrô assinou com a Constran, e, em abril com o Consórcio Byd Skyrail, que forneceria trens, portas de plataformas, sistemas de sinalização e equipamentos para a Linha 17-Ouro.

Assim como a Constran, o Metrô também enfrentou problemas com este consórcio. A concorrente na licitação, Signalling, alegou ter oferecido menor preço, e mesmo assim não ter sido escolhida. Ela recorreu à Justiça e foi atendida.

Em junho, o Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu o contrato assinado entre o Metrô de São Paulo e o Consórcio Byd Skyrail. O Metrô recorreu da decisão e espera nova avaliação do judiciário.

Antes dos problemas entre 2019 e 2020, o Metrô teve problemas com outros consórcios contratados para a mesma a obra, que foi orçada em R$ 1,39 bilhão, mas deve chegar a R$ 3,5 bilhões.

Promessa para Copa

A inclusão do monotrilho como promessa para a Copa 2014 ocorreu em 2010, quando o então ministro do esporte Orlando Silva assinou com o governo do estado e a Prefeitura da capital uma série de compromissos, a chamada Matriz de Responsabilidades.

O documento foi assinado por todas as cidades-sede e trazia uma série de medidas necessárias para que o município pudesse sediar o evento, entre elas obras de transporte e melhorias nas vias próximas ao estádio. À época, o palco cotado para os jogos em São Paulo era o estádio do Morumbi, na Zona Sul.

Inicialmente, os trens movidos a eletricidade e com pneus de borracha em via elevada da Linha 17 levariam os passageiros do Aeroporto de Congonhas ao estádio do Morumbi, com 18 estações ao longo de 18 km de extensão, com conexões para a Linha 1-Azul do Metrô, no Jabaquara, e 9-Esmeralda da CPTM, no Morumbi.

Os planos para a Linha 17, porém, tiveram de ser alterados a partir de outubro de 2011, quando foi anunciado que o estádio que sediaria os jogos seria a futura Arena Corinthians, em Itaquera, na Zona Leste.

Desde a mudança de arena, a construção da linha sofreu alterações, com redução de sua extensão, enquanto os valores da obra aumentaram e os prazos foram sucessivamente ampliados. Foram abertas investigações nos ministérios públicos federal (MPF) e estadual (MP) até pela falta de um projeto básico.

Fonte: G1 SP

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