Crise do coronavírus: 40% das empresas de ônibus interestaduais não vão conseguir se reerguer após pandemia, estima Abrati
Quase metade das empresas de ônibus interestaduais no Brasil atingidas pela crise ocasionada pela pandemia do novo coronavírus não vai conseguir voltar a operar depois que tudo passar.
A estimativa é da Abrati, associação que reúne as companhias do setor, em primeira mão ao Diário do Transporte na tarde desta segunda-feira, 20 de abril de 2020.
Segundo a entidade, em nota, “40% das empresas não deve voltar a operar pós-pandemia”.
A associação das empresas de ônibus ainda atualizou nesta segunda-feira os dados da movimentação do setor e informou que o “serviço de transporte rodoviário interestadual de passageiros opera com menos de 10% da frota em todo o país”.
Para a Abrati, é necessário um socorro governamental ao setor de transportes interestaduais, e que em torno de 30 mil empregos “estão em risco”. O prejuízo das empresas, ainda de acordo com a associação, é de quase R$ 3 bilhões, como explica a nota.
Com o grave cenário e a suspensão do serviço de ônibus interestadual em várias partes do país, a Abrati (Associação Brasileira de Transporte Terrestre de Passageiros), que tem praticamente 94% do serviço ativo no Brasil, a Associação registra que a maioria das empresas associadas sofreu drástica perda de receita nos últimos 15 dias, por causa das medidas necessárias, de isolamento social e também pela redução das viagens em todo o Brasil. Neste ano já houve prejuízo de R$ 2,8 bilhões para as empresas do setor regulado de passageiros, segundo a Abrati.
Sem a ajuda financeira do Governo, as empresas de ônibus interestaduais seguem enfrentando desafios para manter o serviço ativo, desde a operação nas rodoviárias, que estão suspensas na maior parte do país e a realização das viagens com restrições locais ao transporte.
A Abrati informa que as operadoras do serviço regular buscam alternativas para evitar demissões, adotam programas de antecipação de receitas e outras medidas, cientes da responsabilidade social na prestação do serviço.
Mesmo com estes esforços alegados pelas empresas para não cortas postos de trabalho, muitas já estão realizando demissões e suspensão das atividades de garagens, tanto companhias maiores, como gigantes, a exemplo de Grupo JCA (Cometa, 1001, Catarinense, entre outras), Águia Branca e Itapemirim/Kaissara.
Ainda de acordo com a nota, “por ano, o setor transporta mais de 50 milhões de passageiros e emite em média 2,2 milhões de passagens, além da oferta de 4,8 milhões de gratuidades anualmente também”.
O socorro financeiro teria de vir diante da necessidade do isolamento social.
Como não há vacina contra o novo vírus e nem remédios que sejam consenso para a cura da Covid-19, o isolamento, segundo especialistas nacionais e internacionais de saúde, é a única maneira de evitar que os casos explodam de uma só vez fazendo com que hospitais não dessem conta de atender a tantas pessoas ao mesmo tempo e grande parte das vítimas morra por falta de atendimento.
O sinal de esgotamento dos sistemas de saúde já aparece em estados como Amazonas, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro.
Os países com discursos populistas e negacionistas que foram contra o isolamento, amargaram um número de mortes acima do imaginado e viram seus sistemas de saúde, públicos e privados, chegarem ao colapso ao ponto de os médicos terem de decidir quem ia morrer ou viver. Entre os países que inicialmente negaram a gravidade do novo coronavírus e se arrependeram estão Estados Unidos, Itália e Espanha.
Já os países que levaram a sério o problema, como Coréia do Sul, Portugal e Alemanha, sentiram menos os impactos do vírus que teve origem na China.
Assim, o socorro governamental, com políticas para cada segmento, ajudaria os setores mais prejudicados enquanto o isolamento impede as explosões dos casos.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
Fonte: Diário do Transporte
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