Terminal de ônibus retornará à praça no Centro de Fortaleza após 33 anos
Divulgação: Fortalbus |
A Praça José de Alencar, que na década de 1950 foi o principal ponto de partida de várias linhas de ônibus, voltará a receber veículos de transporte urbano após 33 anos. À época, configurava-se como um dos primeiros terminais de Fortaleza. Na década seguinte, por ter se tornado um dos pontos mais congestionados da cidade, surgiram discussões para a retirada dos ônibus de lá.
Em 1971, a vizinha Praça da Estação, a cerca de 650 metros, foi inaugurada e passou a receber esse fluxo. Em 1975, a José de Alencar começou a ser reformada e, quatro anos depois, voltou a receber mais de 50 linhas.
As operações se prolongaram até 1987, quando se decidiu pela extinção do equipamento. As linhas foram distribuídas por outros pontos do bairro, e a praça passou a ter uso cultural e de lazer. Neste ano, porém, um novo ponto de integração de ônibus começará a ser instalado ao lado da praça, entre as Ruas Guilherme Rocha e Liberato Barroso.
O início das intervenções está planejado para o fim do mês de abril. Pelo menos, é a projeção da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf). Para começar as obras do Miniterminal José de Alencar, que devem durar oito meses, uma empresa deve ser escolhida em processo licitatório com orçamento de R$ 5,6 milhões. Os envelopes com as propostas serão abertos no próximo dia 9 de março.
"Nossa previsão é de 15 a 20 de abril iniciar as obras. Dali em diante, são oito meses. Até dezembro, estamos entregando", ressalta a titular da Seinf, Manuela Nogueira. Em março de 2018, a Prefeitura de Fortaleza anunciou a construção de quatro miniterminais com previsão de entrega final para 2020. Neste mês, devem começar também as obras dos miniterminais da Avenida Washignton Soares e do bairro José Walter.
Dimensionamento
No caso do Centro, o novo equipamento ao lado da Praça José de Alencar deve ser formado por plataformas de embarque e desembarque que somam 2.000 m² de área, banheiros, trechos de passagens elevadas, além de um espaço para comércios e serviços. Além disso, haverá um posto da Guarda Municipal e pontos de autoatendimento do Bilhete Único.
As operações vão precisar de uma alteração no fluxo de trânsito, "mas muito pontualmente", garante Manuela. A Rua Guilherme Rocha passará por uma inversão de sentido entre a Tristão Gonçalves e a 24 de Maio. "Também vamos abrir a 24 de Maio, que hoje é interrompida pela Praça. Todo o fluxo de entrada e saída do terminal vai ser por lá, para facilitar o fluxo no terminal", detalha.
Questionada pela reportagem em relação ao dimensionamento de passageiros e de coletivos no novo equipamento, a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) informou que "realizará o planejamento e distribuição das linhas após o processo licitatório".
A secretária Manuela Nogueira assegura que não haverá mudanças na Rua Liberato Barroso, que dá acesso ao Theatro José de Alencar. "Continua o mesmo sentido que é a via hoje. Já estamos executando obras na praça, então toda a via passará por uma readequação também, não só por causa do miniterminal. A ideia é que Theatro e praça deem a sensação de pertencer ao mesmo complexo", diz.
O logradouro foi isolado em setembro de 2019 para o início das obras de revitalização, dentro do projeto Novo Centro, que também devem durar até dezembro deste ano. Feirantes que atuavam no espaço aberto foram realocados para um feirão localizado na Rua São Paulo, a cerca de 400 metros do local. São 360 boxes e 11 lanchonetes distribuídos em três andares.
Memória
Conforme o projeto, o miniterminal foi planejado "de forma a abrigar o maior número de passageiros possível", servindo como ponto de encontro entre as ruas comerciais do bairro e se integrando à Estação José de Alencar, "uma das mais usadas da Linha Sul" do Metrô de Fortaleza (Metrofor). Como formas de acessibilidade, serão implantadas rampas com inclinação e piso tátil direcional conectando as plataformas de embarque.
A mudança é capaz, inclusive, de resgatar parte da memória da Capital. "Todas as nossas referências estão lá do Centro da cidade, onde há a maior concentração de prédios históricos e representativos, e hoje os ônibus estão parando de forma diferenciada nas ruas e nas paradas", analisa Custódio Santos, membro do conselho superior do Instituto de Arquitetos Brasil - Departamento do Ceará (IAB-CE).
O especialista avalia que alternativas de transporte contribuem para o aumento do fluxo de pessoas com conforto e aproximam os cidadãos de pontos importantes da cidade. "Acho que é fundamental a construção do Miniterminal, mas também a revitalização da Praça José de Alencar, que está abandonada. O transporte é muito interessante porque uma massa muito grande da população ainda utiliza o ônibus como transporte, que deve ser prioridade em relação ao carro", conclui.
Transferência
Segundo a secretária Manuela Nogueira, o novo equipamento se assemelha aos já existentes na Praça Coração de Jesus e à Praça da Estação. "É mais um terminal de transbordo aberto entre as linhas pra evitar aqueles percursos negativos que muitas vezes existem", afirma, em referência a rotas que levam passageiros a perder mais tempo.
Além disso, o projeto é consequência da realocação da Praça da Estação, que atualmente passa por intervenções do Governo do Estado. O local dará lugar à Estação das Artes, um novo complexo cultural orçado em R$ 63,7 milhões. Com previsão de entrega para o segundo semestre de 2021, as obras de um consórcio têm supervisão da Superintendência de Obras Públicas (SOP).
Em outubro de 2019, a Etufor alterou os pontos de parada e o itinerário de 30 linhas que realizavam o embarque e desembarque na Praça da Estação. Os pontos, distribuídos em sete grandes grupos, foram deslocados para vias adjacentes do bairro, como as ruas Castro e Silva, Dr. João Moreira, Barão do Rio Branco e Senador Pompeu, deixando de trafegar pelo logradouro.
Anunciado há quase dois anos, o novo miniterminal no Centro deve sair do papel até o fim de 2020. Equipamento vai substituir transbordo realizado na Praça da Estação, que passa por obras para abrigar um complexo cultural.
Com informações: Diário do Nordeste
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