Transporte público em Fortaleza deve mudar após estudo
Nos ônibus, as mulheres são maioria (60%). Nas motocicletas, 40%, e nas bicicletas, 20%, é que as entregas de mercadorias são feitas pela cidade. Caminhando, 50% dos estudantes do ensino público chegam à escola. Esses e outros dados que revelam o perfil da mobilidade de Fortaleza estão sendo compilados através da Pesquisa Origem-Destino, realizada pela Prefeitura de Fortaleza. Com o resultado final, a gestão municipal poderá realizar intervenções urbanas mais acertadas.
Ainda em fase de análise, os dados já demonstram medidas que devem ser elaboradas para otimizar o fluxo da cidade. "Nossa rede tem muitas viagens negativas. Por exemplo, quem está no José Walter e quer ir para o Centro tem de ir para a Messejana e fazer integração. A Pesquisa vai dar o que a gente chama de 'linhas de desejo' e isso vai ajudar a gente a redesenhar nossa rede de transporte público", exemplifica o engenheiro da Prefeitura de Fortaleza, Victor Macêdo.
Outros exemplos práticos estão no "Vila Ellery, que foi um dos bairros de maior uso de bicicleta, mas que tem pouca ciclofaixa lá", e no fato de que 70% dos acompanhantes de passageiros do transporte público, com destino a escolas ou hospitais, são mulheres. Com isso, até políticas tarifárias podem ser elaboradas conforme a demanda, como cita o engenheiro.
Antonia Ferreira, de 50 anos, segue de ônibus do Parque Dois Irmãos até a Aldeota, de segunda-feira a sexta-feira, passando pelo Terminal da Parangaba. Anteriormente, a artesã levava 2 horas na volta para casa, mas, desde que começou a usar o metrô, esse tempo foi diminuído pela metade. Ainda assim, ela analisa que a oferta de coletivos precisa ser melhor planejada. "A dificuldade que a gente tem é com a lotação. Tem certos horários que diminui a demanda dos ônibus, mas até mesmo no horário de pico tem certas linhas que não têm tantos ônibus, então tem gente que vai pendurada", ressalta.
Pesquisa
Com a análise que está sendo realizada com a Pesquisa Origem-Destino, podem-se elaborar ações de melhorias do transporte público, como as apontadas pela artesã. Em geral, as grandes cidades realizam esse tipo de estudo a cada 10 anos, mas, na capital cearense, o último estudo do tipo é de 1996, feito para a implantação do metrô.
"A gente tinha essa carência de dados para planejar o sistema de transporte, de entender que regiões as pessoas mais pedalam, quais são as linhas de desejo de transporte das pessoas e como está o nosso sistema de ônibus", esclarece o engenheiro. Victor estima que 100 mil pessoas foram consultadas desde julho de 2018 para a elaboração deste panorama.
"Como você se deslocou ontem?" era a pergunta que dava início ao questionário para registrar horário de saída, tempo de deslocamento, tipo de transporte e custos da viagem, por exemplo. "É uma pesquisa gigante. A gente recebeu os últimos dados e vamos começar a analisá-los. Isso vai nortear diversas ações não só no âmbito de mobilidade urbana", destaca Macêdo. Além do planejamento dos deslocamentos, o engenheiro acrescenta que a pesquisa contribui para a elaboração de políticas públicas por evidenciar demandas por equipamentos coletivos, como hospitais.
Já finalizada a conclusão da coleta de dados, devem ser realizadas, ao longo do primeiro semestre de 2020, discussões com a sociedade por meio de audiências públicas e da criação de um site para a divulgação do resultado da pesquisa. "A gente não quer ter só a leitura dos dados, mas da população e dos órgãos que gerem os sistemas para alinhar os dados qualitativos e quantitativos", destaca Victor Macêdo. Em junho, os resultados serão apresentados pela Prefeitura.
Com informações: Diário do Nordeste
Comentários
Postar um comentário