Rio de Janeiro-RJ. Desafios dos japoneses para por nos trilhos o serviço de trens do Rio

Matéria sobre problemas na Supervia.   Na foto, a senhora Sonia Maria Lima e seu filho, José Henrique Lima, na estação do Engenho de Dentro.
Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
O conglomerado de empresas japonesas que assumiu, há menos de um mês, o controle dos trens da Supervia vai dar de frente com a insatisfação dos usuários. O sistema, que transporta cerca de 600 mil passageiros diariamente, arrasta antigos problemas pelos mais de 270 quilômetros de trilhos. Os desafios do conglomerado japonês, à frente da empresa que terá a concessão do serviço até 2048, incluem a redução do intervalo, a melhoria da frota para atender horários de pico, combatendo a superlotação, e a garantia da acessibilidade.
Eram 7h quando o gestor de logística Douglas Mendonça, 31 anos, saiu ontem da estação de trem de Saracuruna, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para ir trabalhar em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Por causa de um defeito numa composição em Jardim Gramacho - onde é obrigado a fazer uma baldeação - perdeu 20 minutos na estação e chegou às 9h30 no trabalho. Meia hora atrasado.
"Mais uma manhã de normalidade na baldeação da Suprvia, em Gramacho. Desde que o ramal deixou de ser direto até a Central do Brasil, em 2015, a viagem passou a durar entre 95 a 100 minutos. antes, levava 63 minutos", reclamou Douglas. 
A falta de acessibilidade é uma barreira para Sônia Maria Lima, de 54 anos, que é cadeirante e precisa da ajuda do filho para José Henrique de Lima, 40, para ir de Santíssimo, Zona Oeste do Rio, à Estação São Francisco Xavier, na Zona Norte. Ela faz o percurso três vezes por semana para sessões de hemodiálise.
"Em Santíssimo tem estação, mas é só com escada. A rampa fica só do lado de fora. Para chegar à plataforma, tem que descer escada. Por isso, nós andamos até a estação de Bangu, que tem um elevador que só vive quebrado, mas tem rampa até a plataforma", disse Sônia.
O filho José Henrique reclama da falta de assistência nas estações: "Nós acordamos às 3h30 e pegamos o trem às 4h45. Os elevadores sempre quebram. Quando pedimos ajuda para os funcionários da Supervia, nem sempre eles nos atendem. No Maracanã, por exemplo, eles nem colocam a mão", contou, enquanto esperavam a composição na estação do Engenho de Dentro. Lá eles fazem a baldeação com o ramal de Deodoro, que é parador. Quando o trem deles chegou, rumo a Santa Cruz, José Henrique se deparou com um desnível de cerca de um palmo e meio entre a plataforma e o vagão.
Na última quarta-feira, uma composição expressa enguiçou no ramal de Japeri, entre as estações de Madureira e Engenho de Dentro. Passageiros tiveram de andar 300 metros pelos trilhos, até Piedade,e pegar um trem parador vindo de Deodoro. O intervalo chegou a 22 minutos, pouco depois das 10h. Os usuários também relatam falta trens sem refrigeração fora dos horários de rush.
Segundo a Agência Reguladora de Serviços públicos de Transporte do Estado (Agetransp), no ano passado, foram registradas 701 reclamações contra a Supervia, sendo a maioria em relação à refrigeração (112), seguidas do atraso na partida (86), e falhas no atendimento (75). De janeiro até 31 de maio, foram registradas 288 reclamações. A maior parte por atraso na partida (61), seguida de queixas em relação à manutenção (26), e em terceiro, atraso no percurso (24).
Gumi estuda o plano de investimento
Desde a assinatura do contrato de cessão da SuperVia, firmado entre o estado e o grupo Gumi, no dia 28 de maio, o conglomerado formado pelas empresas Mitsui, West Japan Railway e pelo Fundo Soberano do Japão, passou a deter 88,67% da participação acionária do sistema de trens. Os 11,33% restantes seguem com a Odebrecht Transport (OTP), sócia majoritária da concessionária de trens até então. A Gumi afirma que fará uma avaliação mais detalhada das necessidades da empresa e suas prioridades para readequar o plano de investimentos do negócio.
Em nota, informou que “O redesenho do planejamento busca aumentar ainda mais a segurança operacional da concessionária, que é a nossa prioridade. A West Japan Raillway Company (a segunda maior operadora de trens do Japão), nossa sócia da Gumi, apoiará a SuperVia com informações e sugestões técnicas baseadas na sua experiência”.
A SuperVia tem em seu sistema 201 trens, sendo 140 considerados novos. Sâo cinco ramais, três extensões e 104 estações. Segundo
a empresa, atualmente, 193 trens são climatizados - 99% das viagens em dias úteis em trens refrigerados. Percentual que chegará a 100% quando entrarem em operação todos os seis trens encomendados pelo Governo.
Fonte: O Dia

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