Rio de Janeiro-RJ. Interventor do BRT afirma que não resolverá problemas no prazo definido


Resultado de imagem para ONIBUS BRT RIO DE JANEIRO
O interventor do BRT, Luiz Alfredo Salomão, disse, em entrevista para o Bom Dia Rio nesta segunda-feira (13), que os problemas no transporte não serão resolvidos no prazo determinado para a intervenção.

“Eu não vou resolver isso em seis meses, como é o prazo previsto. A nossa missão é encaminhar soluções para isso. A primeira é a pista da Transoeste”, disse o interventor.

Segundo Salomão, a situação das pistas deterioradas atrapalha o interesse de empresários investirem em novos ônibus para aumentar a frota. Uma opção dada por ele é, em vez de colocar mais carros articulados - que são mais caros por serem encomendados -, tentar trazer ônibus convencionais para suprir os trajetos do BRT.

"Estamos tentando trazer ônibus convencionais porque a Prefeitura não tem recurso para investir numa nova pista e os empresários não querem botar novos ônibus. No curto prazo, estamos querendo trazer ônibus convencionais pra trafegar na pista, só que as empresas do Rio estão fazendo ‘corpo mole’. Estou disposto a trazer empresas de fora da cidade", afirmou.

Empresários de fora do RJ temem 'cartel'

O interventor explicou ainda que fez a proposta de investir em ônibus convencionais para as empresas do estado, mas, segundo ele, não houve interesse imediato. A ideia, então, foi convidar empresários de fora do Rio de Janeiro para trazer novos ônibus, entretanto, eles 'temem entrar em um território controlado'.

"As [empresas] de fora temem em entrar no Rio porque é um território, entre aspas, 'controlado por um grupo de empresas do Rio’. Existe um cartel. Em cada estado tem um cartel de empresas de ônibus. Eles relutam. Eles têm temor. Todo mundo sabe disso. É um cartel, é uma organização de empresas que não estimula que outras venho a concorrer”, declarou o interventor.

Luiz Salomão disse ainda que já esteve no Ministério Público para negociar soluções para a crise no transporte do BRT.

"O MP sabe, já estive com eles e eles imaginam que a solução para isso é colocar a Prefeitura para operar, só que a prefeitura não tem condições não tem gente pra isso”, disse.

Em nota divulgada no fim da tarde desta segunda, a Fetranspor repudiou a declaração do interventor.

De acordo com o documento, ele "atacou, de modo generalizado, empresários que atuam na operação do sistema de ônibus em todo o país, expondo o seu despreparo para atuar como agente público - o que demanda qualidades como equilíbrio e responsabilidade". (Veja íntegra da nota abaixo).

'Maquiagem' no asfalto

A responsabilidade de melhorar as condições do asfalto da pista, de acordo com Salomão, é da Prefeitura, que alega não ter recursos para isso. A alternativa, para ele, seria fazer uma 'maquiagem' no asfalto.

"O problema é que não há recursos para fazer a frisagem e o recapeamento, mas isso também será uma maquiagem. Aquela estrada só será operacionalmente boa quando ela for substituída por outra ou quando se reconstruir aquela. Para isso, estou desde março tentando montar uma licitação para o projeto executivo, porque aquilo foi construído sem projeto”, acrescentou.

“Se o solo fosse bom, não precisaria, mas o solo lá é uma argila mole e aquilo fica deformado. Toda vez que passa, ainda mais ônibus pesado como o do BRT, ele vai recalcando vai se tornando uma pista intransitável. É muito ruim. Nunca escondi isso”, declarou Salomão.


O que diz o BRT

Em nota, o Consórcio BRT fala em "omissão" da prefeitura. "A omissão da Prefeitura tem efeito direto nos passageiros, que são os mais prejudicados com a perda de vantagens do BRT: viagens mais rápidas, previsíveis e seguras em um sistema controlado", afirma.

"A acusação de cartel é mais uma tentativa da intervenção de criar uma cortina de fumaça para fugir de suas responsabilidades legais e da falta de ação para melhorar a operação do BRT, três meses depois do seu início", diz.

"A atuação das empresas que formam os consórcios que operam o sistema municipal de ônibus é legal e tem como base a licitação pública feita pela Prefeitura em 2010", emenda.

"Sobre a acusação de falta de veículos, é resultado da omissão da Prefeitura na conservação das pistas, que provocam problemas diários na frota do BRT. Os ônibus existem e estão nas garagens para manutenção devido às condições precárias das pistas", continua.

"Apesar de todo o reconhecimento internacional, a Prefeitura do Rio optou por abandonar um sistema que transporta mais de 500 mil passageiros por dia", diz o consórcio.

Íntegra da nota da Fetranspor

"A Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) repudia as declarações proferidas hoje pelo interventor do sistema BRT, Luiz Alfredo Salomão, que de maneira desrespeitosa e leviana atacou, de modo generalizado, empresários que atuam na operação do sistema de ônibus em todo o país, expondo o seu despreparo para atuar como agente público - o que demanda qualidades como equilíbrio e responsabilidade.

É importante destacar que todas as empresas de ônibus que operam no Município do Rio o fazem em obediência a um contrato assinado entre a Prefeitura do Rio e os quatro consórcios vencedores da licitação realizada em 2010, que desde então seguem prestando os serviços à população. Por isso, falar em “corpo mole” de empresários ou em cartel é má fé ou, na melhor das hipóteses, desconhecimento total de como se dá a operação de um setor que transporta diariamente milhões de passageiros na cidade do Rio.

Ao acusar os empresários de ônibus de forma inconsequente, o interventor desqualifica a sua própria atuação, que, por sinal, ainda não foi capaz de mostrar resultados positivos três meses após ter assumido o comando do sistema BRT – que sofre com consequências provenientes de omissões e ações equivocadas por parte da própria Prefeitura.

Para prestar um serviço de qualidade aos usuários, o sistema de transporte público por ônibus necessita de infraestrutura urbana adequada, segurança pública, segurança jurídica, entre outros atributos que não são obtidos por meio de ataques gratuitos de representantes do poder público, que deveriam atuar com mais ações e menos bravatas.

E não devemos esquecer o cenário de profunda crise econômica que atinge o Estado do Rio, pressionando todas as atividades empresariais e provocando um nível de desemprego assustador, que levou ao fechamento de 14 empresas de ônibus só no município do Rio de Janeiro".

Fonte: G1 RJ

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rio de Janeiro-RJ. A linha de ônibus mais longa da Zona Oeste. Confira aqui as 10 mais colocadas

Prefeitura de Niterói prorroga restrição de circulação com municípios vizinhos até 20 de maio

Estado reserva R$ 20 mi para Linha 20-Rosa - Diário do Grande ABC