Rio de Janeiro-RJ. Metrô do Rio chega aos 40 anos e estado anuncia prioridade para expansões e conclusão de Estação 'Fantasma'
O metrô do Rio comemora 40 anos este mês. O sistema, que hoje transporta 880 mil passageiros por dia, foi inaugurado, mais precisamente, em 5 de março de 1979, quando as primeiras estações foram abertas — Praça Onze, Central, Presidente Vargas, Cinelândia e Glória. Hoje, o número de pontos de embarque e desembarque já chega a 41, em três linhas (1, 2 e 4), ao longo de 58 quilômetros.
"Me lembro dos grandes canteiros de obras. Muitos moradores chegaram a protestar, mas, quando o metrô foi inaugurado (com apenas 4,3 quilômetros de trilhos), passear de trem virou o programa preferido dos cariocas", revela, com ares de nostalgia, Célia Costa e Souza, de 92 anos, do Catete.
As últimas estações, as da Linha 4, na Zona Sul, foram abertas em 2016. Bem antes, em 1998, a Concessionária MetrôRio passou a operar o sistema. "O metrô facilitou muito a minha vida e a de milhares de trabalhadores", destaca o porteiro Josué Andrade, de 53 anos, morador de Maria da Graça, com empregos em Copacabana e Catete.
Em 2009, a concessionária MetrôRio passou a fazer parte do Grupo Invepar (Investimentos e Participações em Infraestrutura S.A). Com investimentos de mais de R$ 1,1 bilhão, foram comprados 19 novos trens da fabricante chinesa CRC (Changchun Railway Vehicles Co.), além de uma série de melhorias no sistema.
Em 2013, os megaeventos começaram a entrar nos trilhos do metrô. Na Jornada Mundial da Juventude, cerca de 3,5 milhões de pessoas foram transportadas. No ano seguinte, 682,2 mil torcedores chegaram aos estádios da Copa do Mundo pelo metrô.
Para a operação Linha 4, novos investimentos — mais de R$ 1,1 bilhão em infraestrutura e novas composições e revitalização de outras 30 antigas. Embora seja o segundo maior metrô do Brasil, com a extensão da Linha 2 até a estação de General Osório, em Ipanema, já projetada, especialistas avaliam a necessidade de novos investimentos urgentes.
"Não tem nem como comparar o metrô do Rio com outros centros urbanos nacionais e do mundo. É ínfimo. Nunca colocaram em prática projetos de expansão previstos no Plano Diretor de Transporte Urbano da Região Metropolitano (PDTU). Ideias de ampliação para a Baixada e Região Metropolita, não saem do papel", resume Eva Vider, engenheira especializada em transporte urbano, da Escola Politécnica da UFRJ.
Em nota, o presidente da Companhia de Transportes Sobre Trilhos do estado (RioTrilhos), Hélio Severino, garante que um grupo de trabalho do Plano de Diretrizes do Governo do Estado estuda "uma solução técnico-jurídica para a Linha 4 (Estação Gávea)". E que a Estação Carioca 2 (conhecida como Fantasma), uma plataforma que foi construída para ser a maior estação de transferência do sistema, mas que nunca foi concluída, "será priorizada". "Não ficará mais relegada a segundo plano", garante Hélio.
Embarque nas histórias de amor e dedicação
O MetrôRio, que tem papel de destaque nos deslocamento de cariocas e turistas, sendo imprescindível em grandes eventos, como Carnaval e Réveillon, emprega hoje mais de 2.5 mil funcionários em suas operações. Os colaboradores costumam classificar a empresa como “uma grande família”. Entre eles, histórias e amor e dedicação à concessionária. É o caso do engenheiro mecânico Nelson Walker, de 61 anos, e Luiz Felipe Waker, 39, pai e filho.
“Minha relação com o metrô, onde trabalho há exatos 40 anos também, vai muito além de um trabalho. Meu avô trabalhou na antiga Central do Brasil, um primo meu era ferroviário e um dos meus filhos, Luiz Felipe, que também é engenheiro, começou a trabalhar no MetrôRio no ano passado. Ele tira os meus projetos do papel. Sinto um orgulho imenso”, conta Walker, sem esconder a emoção.
Outro empregado do sistema, também há quatro décadas, é Marco Antonio Biagio, do Centro de Manutenção da concessionária. Ele também fica com os olhos marejados, ao falar da empresa.
“Foi incrível acompanhar a empresa surgindo e se desenvolver com as mais novas tecnologias do mercado. O metrô significa toda a minha trajetória profissional, com muitos desafios, aprendizado e evolução pessoal”, justifica.
Roberto Almeida trabalha no metrô do Rio desde o final da década de 1970 e testemunhou cada uma das 41 estações ser inaugurada e modernizada. “Quando lembro daquele tempo, a imagem que me vem à cabeça é de um canteiro de obras, onde operários da construção trabalhavam com afinco para concluir as obras que viabilizariam o início da operação do metrô. Tenho muito orgulho de ter contribuído e de ainda contribuir para um meio de transporte que presta um serviço de alta relevância para a cidade”, diz o engenheiro.
Já José Elisio Costa Netto, começou a trabalhar no metrô aos 22 anos. Até hoje ele se lembra do rigoroso processo seletivo e, já empregado, do treinamento dos funcionários na etapa de implementação. “Engenheiros franceses nos ensinaram a filosofia operacional do metrô. Para mim, foi um privilégio aprender tanto. Esse trabalho me deu uma base e, a partir daí, cresci profissionalmente, me casei, virei pai e avô. Acho que o metrô me ensinou a viver”, conta.
Nota da Setrans/ RioTrilhos na íntegra
Há investimentos de curto, médio e longo prazos previstos no Plano Diretor Metroviário (PDM) e no Plano Diretor de Transporte Urbano da Região Metropolitano (PDTU). Neste momento, os esforços estão voltados para o planejamento do futuro.
Paralelamente, a RioTrilhos permanece inserindo na Proposta Orçamentária Anual (PLOA 2019) as informações de investimentos que tratam da implantação de novas linhas metroviárias.
Vale ressaltar que já está em atuação um grupo de trabalho proposto pelo Plano de Diretrizes do Governo do Estado para viabilizar uma solução técnico-jurídica para a questão da linha 4 do metrô (estação Gávea).
A atual administração da Setrans/RioTrilhos, em conformidade com as diretrizes do Governo, entende que a conclusão da obra da estação Gávea é muito importante face ao atendimento da demanda estimada da região (cerca de 22 mil passageiros, diariamente), bem como o papel que poderá desempenhar na futura expansão do sistema metroviário, ligando diretamente à estação Uruguai, conforme previsto no PDM.
Com relação à Carioca 2, esclarecemos que não se trata de uma “estação fantasma”, mas uma plataforma que foi construída para ser a maior estação de transferência do sistema metroviário, melhorando a disponibilidade de destino para os passageiros da Linha 2 (Pavuna/ Estácio/Carioca). A referida plataforma sempre ficou em segundo plano nas administrações anteriores, mas será priorizada pelo atual Governo.
Sobre a existência de uma estação abaixo do Rio Sul, informamos que foi feita apenas uma escavação na rocha para a futura plataforma, abaixo do Morro de São João. Existe um estudo de viabilidade, elaborado pela RioTrilhos, que prevê a implantação de uma estação no local.
Helio Severino da Silva Filho , presidente da Companhia de Transportes Sobre Trilhos do Estado do Rio de Janeiro (RioTrilhos)
Outras opiniões
Para o deputado Eliomar Coelho (PSOL), a diferença entre o Metrô do Rio e de outras metrópoles, é que o planejamento básico realizado no início da sua implementação, que foi acompanhado de diagnósticos técnicos e projeções bem feitas, foi sistematicamente deixado de lado, pelas demandas mais imediatas dos governantes. “Basta ver a situação da Linha 4, que foi totalmente alterada em relação ao planejamento”, comentou Eliomar.
Outro deputado, Dionísio Lins (PP), presidente da Comissão de Transportes da Assembléia Legislativa, ressalta que com o número de passageiros aumentando diariamente e as campanhas governamentais para que se utilize mais o transporte público no Rio, o Metrô, considerado um transporte de "excelência", precisa melhorar muito sua malha ferroviária .
“Para que essas campanhas do uso do transporte público deem certo, é preciso investir. Não adianta a população correr para o metrô e encontrar vagões. O usuário não quer saber se o transporte é estadual ou municipal. O que ele quer é qualidade nesse transporte pelo preço que ele paga”, afirmou.
Linha do Tempo completa
5 de março de 1979 – Inauguração das estações Praça Onze, Central, Presidente Vargas, Cinelândia e Glória. Essas estações funcionavam das 9h às 15h. No fim desse mesmo ano, o horário de funcionamento foi estendido até as 23h.
1980 – Inauguração das estações Uruguaiana e Estácio. Aumento do número de carros nos trens de quatro para seis.
1981 – Inauguração das estações Carioca, Catete, Morro Azul (hoje, estação Flamengo) e Botafogo. No final do ano, abertura das estações São Cristóvão, Maracanã e Largo do Machado.
1982 – Abertura das estações da Tijuca (Afonso Pena, São Francisco Xavier e Saens Peña).
1983 – Inauguração das estações Maria da Graça, Del Castilho e Inhaúma.
1984 – Início da operação comercial da Linha 2, com cinco trens nos dias úteis e intervalos de menos de seis minutos.
1988 – Abertura da estação Triagem.
1996 – Inauguração das estações Thomaz Coelho e Vicente de Carvalho.
1997 – Primeiro consórcio adquire o direito de explorar o serviço metroviário por 20 anos. A empresa MetrôRio, ligada ao consórcio, assume a administração e a operação das linhas 1 e 2.
1998 – Inauguração da estação Cardeal Arcoverde, a primeira de Copacabana. Entre agosto e setembro, foram abertas mais seis estações: Irajá, Colégio, Coelho Neto, Engenheiro Rubens Paiva, Acari/Fazenda Botafogo e Pavuna.
2003 – Inauguração da estação Siqueira Campos, a segunda de Copacabana.
2007 – Abertura da terceira estação de Copacabana, a estação Cantagalo.
2009 – MetrôRio passa a fazer parte do grupo Invepar (Investimentos e Participações em Infraestrutura S.A). No mesmo mês, dezembro, a estação General Osório, primeira de Ipanema, é inaugurada. Também em dezembro, é inaugurada a conexão direta entre as linhas 1 e 2 (Botafogo-Pavuna).
2010 – Abertura da estação Cidade Nova.
2012 – Em agosto, começam a chegar os 19 novos trens da CRC (Chanchung Railway Vehicles Co.). O último trem chegou em março de 2013.
2013 – Em julho, o MetrôRio marca sua presença na Jornada Mundial da Juventude. Entre os dias 23 e 28, mais de três milhões de pessoas usaram o sistema.
2014 – Inauguração da estação Uruguai, a quarta da Tijuca. Entre junho e julho, o MetrôRio foi o transporte número um dos torcedores que compareceram aos jogos da Copa do Mundo na cidade. Nos sete dias de jogos no Maracanã, foram transportados 682,2 mil torcedores, mais de 70% das pessoas que assistiram às partidas ou que aproveitaram a estadia na cidade para visitar o estádio ou torcer nas imediações.
2015 – Entre março e dezembro, 15 novos trens CRC começam a operar nas linhas 1 e 2 para, depois, entrarem em operação na Linha 4. Durante o ano, os 30 trens Alstom-Mafersa passam por processo de revitalização.
2016 – Inauguração das cinco estações da Linha 4 (Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah, Antero de Quental, São Conrado e Jardim Oceânico). Em 1º de agosto, a nova linha é aberta apenas para a “família olímpica”. Durante os Jogos Olímpícos, entre 5 e 21 de agosto, foram transportados 12,8 milhões de passageiros nas três linhas do MetrôRio. Em setembro, a Linha 4 funciona apenas para a “família paraolímpica” para os Jogos Paralímpicos. Após o fim dos Jogos Paralímpicos, a Linha 4 é aberta parcialmente para o público (das 6h às 21h). Em dezembro, a nova linha passou a funcionar no mesmo horário das linhas 1 e 2, das 5h até a meia-noite.
2017 – Em março, interligação das linhas 1 e 4.
Fonte: Jornal O Dia
Fonte: Jornal O Dia
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