São Paulo-SP. Retirada de esteira rolante do Metrô atrapalha usuários debilitados

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“Eu faço tratamento de câncer na região da avenida Paulista, então eu pego o metrô. Sem a esteira eu não consigo andar no ritmo das demais pessoas, eu fico cansada e fadigada rapidamente. Eu realmente preciso da esteira”, afirma a doméstica Geane Silva, de 46 anos. Desde quinta-feira (15), o Metrô de São Paulo retira duas das quatro esteiras rolantes do famoso carrossel entre as estações Consolação e Paulista, no centro da capital. As obras devem durar até a madrugada da próxima quarta-feira (21).
Geane descobriu a leucemia há cinco meses. “É difícil receber uma notícia dessas. Ela te quebra e deixa desconfortável. Mas agora estou bem e cuidando de mim”, conta. Pelo menos três vezes durante a semana, a doméstica sai de sua casa, em Parelheiros, no extremo sul da cidade, e vai para a avenida Paulista. “Dependendo, 1h30, 2h”, responde sobre o tempo que leva para realizar o percurso. “E aí, agora, chega aqui e tem que andar rapidamente com a minha condição? É complicado”, diz.
O Metrô argumenta que a retirada das esteiras é para “ampliar e melhorar o fluxo, além de otimizar a circulação e reduzir o tempo gastos pelos passageiros na transferência entre as estações Consolação (Linha 2-Verde) e Paulista (Linha 4-Amarela)”. O carrossel, como é conhecido, tem 104 metros de comprimento e 7,7 metros de largura.
Para fazer a passagem de uma linha para a outra, o usuário gasta a pé um minuto e 14 segundos; pela esteira, por sua vez, um minuto e 58 segundos. A diferença de 44 segundos é expressiva para a companhia. “São questões de segundos. Não é que alguém vá chegar atrasado no trabalho ou algo do tipo. É realmente muito relevante?”, questiona a doméstica, com respiração ofegante. “Agora eu preciso ir. Hoje é a minha 11°sessão”.
Com apenas duas esteiras funcionando, a transferência também se torna difícil para o analista de RH Rafael Araújo, de 36 anos. Ele possui mobilidade reduzida e trafega pela estação todos os dias. “Eu saio de Jundiaí (via CPTM) e desço na estação Brigadeiro (Linha 2-Verde), então é o meu caminho passar por aqui. E, agora, vai ficar mais difícil”, disse. Natural do Rio de Janeiro, Araújo mora no Estado mais rico do país há três anos. “Eu dependo do transporte público”, relata. “Disseram que vai melhorar o fluxo, mas a pergunta que tem que se fazer é: vai melhorar para quem?”
Procurada pela reportagem do R7, o Metrô informou que com a entrada em operação das novas estações Santa Cruz e Chácara Klabin, da Linha 5-Lilás, a rede de metrô da cidade ganhou novos pontos de transferência, o que tornou tanto possível quanto necessária a realização da remoção de 4 esteiras de descida das 6 esteiras da ligação entre as estações Consolação (Linha-2 Verde) e Paulista (Linha-4 Amarela). As duas esteiras de subida permanecerão no local onde estão – no sentido Paulista/Consolação – para atender pessoas com mobilidade reduzida, idosos e gestantes.
A nota aifrma ainda que entre os benefícios esperados ao final do projeto estão não só a distribuição mais uniforme dos usuários pelo espaço disponível, como a redução do tempo de percurso no pico da tarde, que cairá de 520 segundos para 300 segundos. Depois de pronta, a obra trará um ganho de 30% de tempo na transferência. Dessa forma, a Linha 2-Verde passará a poder contar também com mais trens no horário de pico da tarde no “carrossel”.
Já sobre as esteiras retiradas, o Metrô diz que serão reaproveitadas na estação Clínicas da própria Linha 2-Verde ao longo de 2019, sem qualquer custo para o Metrô, onde serão úteis para ajudar o deslocamento dos usuários que seguem em direção ao Hospital das Clínicas, muitos deles idosos, deficientes e gestantes procurando atendimento médico.

Plínio Aguiar, do Portal R7

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