Rondonópolis -MT. Transporte urbano volta a ser motivo de preocupação

Empresa alega que demanda de passageiros é pequena para colocação de mais ônibus em Rondonópolis
Foto: Luan Dourado/Gazeta MT
A situação do transporte coletivo na cidade tem gerado preocupação em grande parte da população, já que nenhuma empresa, pelo menos até agora, se interessou pela concessão pública para tocar o serviço em Rondonópolis e a empresa Cidade de Pedra está com seu contrato vencido há mais de quatro anos.
O grande temor é que com o desinteresse de novas empresas e sem a renovação do contrato com a atual concessionária, o serviço se torne cada vez mais precário, em prejuízo dos usuários, já que nenhum município do porte de Rondonópolis pode prescindir do dito transporte público.
No último dia 18, a prefeitura concluiu o processo de licitação para a apresentação de propostas de empresas interessadas em assumir a concessão mas, pela segunda vez, nenhuma empresa demonstrou interesse pelo certame. Com isso, a Cidade de Pedra continua à frente do serviço mas, ao menos por enquanto, sem contrato e por conseguinte sem segurança jurídica para fazer investimentos financeiros na melhora dos seus ônibus e outras melhorias que poderiam tornar o transporte coletivo novamente atrativo para os usuários do sistema que optaram nos últimos tempos pelo transporte individual, já que o baixo número de usuários do sistema é apontado como uma das causas da dificuldade que a empresa enfrenta em Rondonópolis e é o principal motivo do desinteresse de outras empresas pela concessão.
PREOCUPAÇÃO
Esse quadro tem gerado preocupação entre os vereadores que têm acompanhado a questão, que cobram uma posição da prefeitura que possa solucionar o problema. “O modelo de transporte público está em crise em todo o país. Apenas cidades que adotam estratégias de subsídio às empresas e onde acontecem ações de incentivo ao uso do transporte público, têm conseguido contornar essa crise. Rondonópolis é uma cidade que cresceu de forma desordenada, com grandes espaços vazios entre os bairros, com alguns deles muito distantes entre si, o que torna o IPK (Índice de Passageiros por Quilômetro) muito caro. Esse é um dos principais motivos que levam a que nenhuma empresa se interessasse pela licitação do transporte coletivo aqui”, observou o vereador Sílvio Negri (PCdoB).
A melhora no padrão de vida da maioria da população, ocorrida nos últimos anos, é outro fator apontado pelo edil como uma das causas que levaram grande parte dessa mesma população a optar pelo transporte individual. “A grande maioria dos trabalhadores adquiriu uma moto ou um carro nos últimos anos e essas pessoas dificilmente vão deixar seus veículos em casa para irem ao trabalho ou a qualquer outro lugar em um transporte caro e desconfortável, que demora muito tempo para levá-lo ao seu destino. Por outro lado, não vemos a prefeitura dar nenhum tipo de incentivo para que as pessoas voltem a usar o transporte coletivo. Não temos pontos de ônibus adequados, nenhum corredor exclusivo para os ônibus, nada que sinalize para uma solução para esse problema”, continuou.
Para Negri, o problema do transporte coletivo somente reforça a necessidade de aprovação, o quanto antes, do Plano Diretor do Município (PDM), no qual está contido o Plano de Mobilidade Urbana, que irá regulamentar a questão do transporte no município. “O que eu vejo é que essa situação está gerando prejuízos para a cidade, principalmente para quem depende do transporte público, como trabalhadores, estudantes e idosos. O Código de Trânsito Brasileiro diz que a prioridade no trânsito são primeiro os pedestres, em segundo lugar os ciclistas e em terceiro o transporte público, mas o que vemos é que a cidade estimula apenas o transporte individual e esse foco precisa mudar. Também acho que a Setrat pode procurar empresas interessadas a participarem da licitação”, declarou o parlamentar.
Outro vereador que tem acompanhado a situação com preocupação é o ex-líder comunitário Adonias Fernandes (MDB), que acredita que uma próxima licitação da prefeitura pode novamente não atrair nenhuma empresa com interesse em assumir o transporte coletivo em Rondonópolis. “Eu acredito que a próxima licitação vai dar deserto também. As empresas alegam que os custos são altos e os passageiros muito poucos. Nós temos que aprovar logo o PDM e o Plano de Mobilidade para podermos debater a possibilidade de colocarmos micro-ônibus nas linhas e horários que houverem poucos passageiros e a viabilização de vias rápidas, assim como discutir os casos do Uber, dos táxis e mototáxis na cidade, de forma a encontrarmos formas de melhorar o transporte público”, disse.
Para tentar encontrar uma solução que amenize a situação, os vereadores já adiantaram que pretendem agendar uma reunião com o prefeito José Carlos do Pátio (SD) e representantes da empresa, nos próximos dias, para debater o assunto.
NÚMEROS
Atualmente, o preço da passagem no transporte coletivo em Rondonópolis é de R$ 3,60 e existem cerca de trinta linhas em operação, mas na grande maioria das mesmas os ônibus trafegam a maior parte do tempo vazios ou com poucos passageiros.
Segundo dados divulgados pela empresa recentemente, cerca de 26 mil passageiros usam o transporte coletivo diariamente, mas somente cerca de 19 mil são de fato pagantes. Os demais ou são isentos, ou têm a passagem subsidiada, como é o caso de estudantes.
Fonte: A Tribuna MT

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