Trânsito de SP não será problema para ônibus sem motorista, diz empresa que testa a tecnologia


Ônibus capazes de rodarem sem um condutor estão em testes na China. Os veículos são capazes de seguir um itinerário, parar nos pontos e aguardar que os passageiros subam e desçam. Os movimentos são controlados por um sistema que recebe informações de câmeras, sensores e dados de uma central e vai tomando as decisões sobre quais movimentos fazer.
Estes modelos capazes de rodar sem motorista deverão custar em torno de 10% a mais do que um veículo tradicional, estima Ubiratan Resende, diretor geral da Via Technologies no Brasil, empresa que realiza testes com ônibus autônomos na China. O vídeo abaixo mostra o coletivo autônomo em operação.
“Estes veículos devem entrar em operação no país entre sete e dez anos”, projeta ele. “Estimamos que o custo não vai dar muito impacto. Um ônibus urbano custa em torno de R$ 300 mil, e um sistema autônomo deve custar 10% disso”, contou ao blog. 
Para ele, o trânsito pesado de cidades como São Paulo não será um problema para a nova tecnologia. “É mais difícil a configuração para situações de alta velocidade do que para as de trânsito caótico”, considera Resende. “O veículo é capaz de detectar tudo o que está em volta, como carros, motos e pedestres, e tomar as decisões mais adequadas”.
As câmeras enviam imagens a softwares de reconhecimento, que conseguem identificar movimentos, como um passageiro erguendo o braço. “O sistema pode ser configurado até para reconhecer alguém atrasado correndo até o ponto para pegar o ônibus”, diz Resende.
Para o diretor, as falhas de sinalização no asfalto e as deficiências da internet sem fio do país também não serão impeditivos para que a tecnologia avance no país. “Temos um sistema de navegação usado em aeronaves e barcos em alto mar. Em teoria, não ter a sinalização faz diferença, mas se consegue trafegar mesmo sem ter sinalização boa.”
A expectativa é que os ônibus autônomos comecem a ser usados primeiro em ambientes fechados, como em áreas internas de empresas e campus de universidades, e depois em corredores e faixas exclusivas. A última fase será enfrentar a rua ao lado de todos os demais veículos.
Sistemas de apoio a direção também podem ser instalados em ônibus comuns. Um deles é capaz de alertar ao motorista possíveis riscos, como uma moto ou bicicleta em um ponto cego dos retrovisores ou se o veículo está “comendo” a faixa e rodando fora do espaço em que deveria.
A Via realiza testes com sistemas de apoio em um ônibus em Curitiba, para adaptá-los ao trânsito nacional, e comercializa-o em pacotes que podem incluir outros serviços, como contagem de passageiros e rastreamento das rotas. O custo de instalação varia entre R$ 7.000 e R$ 25 mil por veículo.
Além da parte financeira, a adoção de ônibus sem motorista também terá de lidar com as questões legais. Em São Paulo, uma lei criada em 2001, e derrubada pela Justiça em 2017, exigia dois empregados a bordo de cada ônibus. A mudança abriu caminho para a retirada gradual dos cobradores. Depois de debater o fim deste cargo, a cidade pode ter que discutir em breve também a situação dos motoristas.
Fonte: Blog Avenidas

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