São Paulo-SP. Invasão a trilhos faz metrô retomar instalação de portas automáticas nas estações

Para reduzir as interferências provocadas por invasões aos trilhos e aumentar a segurança, o Metrô de São Paulo planeja retomar um antigo projeto de instalação de portas automáticas nas plataformas das estações.
O plano da empresa, sob a gestão de Márcio França (PSB), ocorre após a alta de 41% desses episódios de 2015 a 2017. São casos de vandalismo, imprudência, tentativas de suicídio, queda de usuários e também de objetos.
A rede de metrô paulista tem em média pouco mais de dois registros por dia de invasão aos trilhos —casos que, além do risco à segurança, provocam interrupções na operação das linhas e agravam os atrasos aos usuários.
A ideia é lançar nas próximas semanas um edital de licitação internacional para contratar uma empresa para a instalação dos dispositivos de segurança em 36 estações das linhas 1-azul, 2-verde e 3-vermelha, as mais antigas do sistema paulista —inauguradas em 1974, 1991 e 1979, respectivamente.
O custo estimado chega a R$ 70 milhões. O Metrô afirma já ter previsão orçamentária para isso em 2019. O prazo de implantação é de 56 meses.
Outro contrato do Metrô prevê a instalação das mesmas portas em outras cinco estações da rede até 2021.
Atualmente, estações mais novas do metrô já dispõem das portas automáticas nas plataformas —também comuns em outros países. De um total de 70 paradas da rede, 20 têm esse dispositivo.
Das paradas mais antigas, a Vila Matilde, da linha 3-vermelha, também recebeu a estrutura em 2010, como parte de um projeto da década passada orçado em R$ 71,4 milhões —que também seria estendido a outras estações, mas naufragou após falhas no funcionamento e gastos de mais de R$ 11,8 milhões à época.
As novas portas nas plataformas deverão ter, no mínimo, 2,10 metros de altura e só deverão abrir depois da parada do trem na plataforma, para permitir a entrada e a saída de passageiros dos vagões.
O objetivo, de acordo com a companhia, é aumentar a segurança dos usuários e melhorar a fluidez dos trens, que não sofrerão mais com algumas interrupções da operação. No ano passado, cada interrupção da via paralisou a operação da linha em quatro minutos, em média.
O Metrô teve casos no último Carnaval de foliões que pularam na linha para tirar selfies —inclusive na linha 4-amarela. Em 2007, bandidos chegaram a invadir os trilhos para fugir após um assalto a banco.
“Se paro de ter invasão na via, melhoro a circulação dos trens. Nas estações que hoje têm portas automáticas, eu não tenho invasão”, afirma Milton Gioia, diretor de operações do Metrô paulista.
Atualmente, além da Vila Matilde, há portas automáticas nas plataformas das estações Sacomã, Tamanduateí e Vila Prudente (as mais recentes da linha 2-verde), nas estações do monotrilho da linha 15-prata do Metrô e nas linhas 4-amarela e 5-lilás (parcialmente), operadas pela iniciativa privada.
A promessa de instalação das portas automáticas já tem dez anos no Metrô de SP.
A primeira estação entregue com a tecnologia foi a Sacomã, em 2010. Depois, foram inauguradas as estações Faria Lima e Paulista, da linha 4, também com esse dispositivo.
O governo chegou a anunciar que entregaria portas automáticas em mais sete estações ainda naquele ano —implantou na Vila Matilde, mas a expansão travou em 2011.
Uma das empresas contratadas teve problemas financeiros e paralisou os serviços.
O projeto ainda sofreu outro desgaste. Como na linha 3-vermelha rodam trens de modelos diferentes, havia diferença no espaço entre as portas, incompatíveis com alguns trens —as portas da composição precisam abrir exatamente diante das portas automáticas fixas das estações.
Na estação da zona leste, as portas ficaram mais de cinco anos funcionando apenas esporadicamente, aos finais de semana. Atualmente, as plataformas já funcionam normalmente em dias úteis também.
No novo contrato, uma preocupação está ligada ao peso das portas sobre as plataformas. Grande parte das plataformas foi projetada ainda na década de 1970 e não contava que estruturas tão pesadas como as portas automáticas fossem colocadas sobre elas. Uma solução de engenharia terá que ser planejada.
Outro desafio é como montar as portas sem atrapalhar as operações do Metrô. Para isso, a companhia reservou à futura contratada apenas a madrugada —no intervalo entre 1h30 e 3h45.
O Metrô aposta que a instalação das portas em módulos, como se fossem blocos de montar, deve agilizar toda a operação.
Wagner Fajardo, diretor do sindicato dos metroviários de São Paulo, aprova a instalação das portas nas plataformas. “É mais segurança para os usuários, ainda mais num metrô superlotado”, afirma.
Fajardo observa que a demora em instalar as portas até hoje se deu em parte pelo conflito gerado entre a sinalização dos trens e a automação das portas.
O Metrô diz que, apesar do fracasso de implantar os dispositivos até hoje, o novo edital terá sucesso, uma vez que há recursos em caixa e houve barateamento do mercado nos últimos anos.
“O que a gente já passou serviu de aprendizado para este projeto. E existe uma vontade muito grande do Metrô para melhorar a segurança dos passageiros. O mercado de portas automáticas está muito mais maduro hoje do que estava alguns anos atrás”, afirma Gioia.
Fonte: Folha de São Paulo

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