São Paulo-SP. Conselho aprova estudo de impacto ambiental da ponte Pirituba-Lapa, com alerta para priorizar o transporte coletivo
O Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – CADES aprovou um projeto viário para as zonas Norte e Oeste de São Paulo prometido desde o final dos anos 1980; a ponte entre Lapa e Pirituba sobre a Marginal Tietê.
É mais um avanço para o projeto cujas obras ainda não têm previsão de início, mas antes de deixar a prefeitura para se candidatar ao Governo do Estado, João Doria havia prometido a conclusão para até o final de 2019.
Apesar da aprovação, o conselho fez ressalvas para o empreendimento incluído no chamado “Arco do Futuro”, que contempla diversas intervenções ao longo da região da Marginal do Rio Tietê. O modelo atual da ponte foi apresentado ainda na gestão Fernando Haddad, em 2015.
A ponte vai ligar as zonas Norte e Oeste, mas não haverá saída para a marginal.
Entre as ressalvas foi destacar que o projeto deve dar prioridade ao transporte coletivo e não motorizado.
“As novas intervenções previstas para o sistema viário da região do empreendimento, principalmente por possuir intenso fluxo de veículos e pedestres, se implantadas em sua totalidade, ocasionarão em melhorias na mobilidade urbana, garantindo a segurança dos usuários das vias e promovendo benefícios nos usos dos diferentes modos de transporte (veículos individuais, transporte coletivo, melhoramento cicloviários e pedestres). Para isso é importante que seja construído um modelo de mobilidade que priorize o transporte coletivo ao individual, e que incentive a utilização dos modos não motorizados, proporcionando a redistribuição dos usos dos espaços, visando atender toda a população.”
As obras preveem o alargamento da avenida Raimundo Pereira de Magalhães no trecho da Vila Anastácio para a implantação de corredor de ônibus. Também está previsto o alargamento da avenida para a colocação de uma ciclovia.
A rua John Harrison vai contar faixa exclusiva de ônibus, entre Mercado Municipal da Lapa, e o acesso ao novo túnel previsto sob a Linha 8 – Diamante da CPTM – encontro da Avenida Raimundo Pereira de Magalhães com a Rua Gago Coutinho. Para isso, a John Harrison deverá também ser alargada.
A estimativa da prefeitura é que algumas ligações por ônibus fiquem 25 minutos mais rápidas.
Segundo o estudo, serão necessárias desapropriações que somam uma área de 39,5 mil metros quadrados, que devem atingir diretamente 60 residências.
“39.457,04 m², contendo imóveis que serão totalmente desapropriados como alguns que terão apenas parcelas dos seus lotes na área afetada pelo empreendimento, sendo desapropriados parcialmente. As desapropriações totais em residências e imóveis de uso misto ocorrerão no distrito da Lapa, onde cerca de 60 pessoas serão afetadas pelas desapropriações de suas residências. Destaca-se que não haverá remoções de pessoas, pois não há áreas de favelas ou outros imóveis irregulares”
Em 04 de junho de 2016, a prefeitura divulgou as empresas que foram vencedoras na licitação das obras: Consórcio Viário Lapa – Pirituba formado pela EIT Engenharia S.A e Constran S.A Construções e Comércio. A proposta foi de R$ 199 milhões.
As obras serão remuneradas com recursos da Operação Urbana Consorciada Água Branca.
O EIA/ RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) são de responsabilidade da empresa Ambiente Brasil Engenharia Ltda.
Todo o projeto inclui, além de pontes (uma em casa sentido), outras obras, inclusive uma nova passagem subterrânea na região por onde passam os trilhos da CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos:
– Alargamento viário com implantação de ciclovia na Av. Raimundo Pereira de Magalhães
– Construção de Obra de Arte Especial – OAE (composta por duas pontes uma em cada sentido do tráfego) sobre o Rio Tietê
– Construção de uma nova galeria de drenagem, de muros de contenção e de passagem sob a via férrea da CPTM
– Faixa de ônibus e prolongamento da Rua John Harrison
O estudo propõe o fim do gargalo da passagem inferior da linha 8-Diamante da CPTM e a readequação das linhas de ônibus na região após a conclusão das obras.
“Segundo o Estudo de Impacto Ambiental, a implementação do empreendimento objetiva melhorias no desempenho do tráfego da região; novo acesso à Marginal Tietê; redução de conflitos viários na Av. Raimundo Pereira de Magalhães, trecho da Marginal Tietê entre a Linha 7 da CPTM e a Ponte do Piqueri; nova diretriz de ônibus ligando o Terminal Lapa à Pirituba; reorganização do sistema de transporte público; melhorias de mobilidade dos pedestres e ciclistas; eliminação de gargalo na passagem inferior da Linha 8 da CPTM.”
O estudo levou em conta pesquisa de origem e destino do Metrô, que mostra que na região, 54% das viagens são realizadas por transporte coletivo enquanto 46% por transporte individual, sendo que 46% se locomovem diariamente em função do trabalho e 32% de educação.
“A Nova Ligação Viária Pirituba-Lapa será uma alternativa aos trajetos dos ônibus, automóveis, pedestres e ciclistas, possibilitando a intermodabilidade entre os meios de transporte, maior segurança e ganho de tempo nos deslocamentos diários da população.” – promete o estudo aprovado pelo Conselho de Meio Ambiente.
O conselho ainda diz que as obras terão de facilitar a integração entre a CPTM e os ônibus da região, com destaque para um corredor.
“Em relação ao transporte público, na AII estão situadas 11 estações de 3 linhas da CPTM e 3 estações de Metrô, o que significa que há grande possibilidade de mobilidade entre as diversas regiões do município e também acesso em outros municípios. O estudo ressalta que o empreendimento terá em sua infraestrutura a implantação de um corredor de ônibus que facilitará a mobilidade entre a Zona Norte e o restante do Município de São Paulo”
Desde a gestão de Luíza Erundina (1989 – 1992), a ligação é prometida por todos os prefeitos que ocuparam o cargo de chefe do Executivo paulistano, sofrendo alterações ao longo do tempo.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes
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