Rio de Janeiro-RJ. Abandonada em março, retomada de obra da Transbrasil pode custar caro

Foto:  Pablo Jacob / Agência O Globo
Projetado para ser um corredor expresso de ônibus de 30km de extensão, ligando Deodoro ao Centro, o BRT Transbrasil — cuja previsão inicial era transportar 380 mil passageiros por dia em viagens que representariam uma economia de tempo de 40% — transformou-se num problema para quem transita, trabalha e vive ao longo da Avenida Brasil. Com a retirada dos operários e do maquinário em março, o canteiro de obras virou depósito de areia e brita. E a retomada dos trabalhos até o fim do mês, como prevê a Prefeitura do Rio, pode representar mais custos, como já aconteceu na primeira interrupção longa do serviço.
Nos trechos onde a construção do corredor havia começado, ficaram marcas do abandono. Na descida da Rodovia Washington Luiz há um viaduto inacabado e tomado por pichações. Na altura de Irajá, tem outro nas mesmas condições. Na Penha, de montanhas de pedras, areia e terra da obra deixadas para trás começa a brotar vegetação. Perto da Fundação Oswaldo Cruz, há o esqueleto de uma estação também abandonado.
O engenheiro Gerardo Portela, especialista em obras, risco e segurança, diz que a volta de toda obra que sofre paralisação implica em prejuízo e na possibilidade de termos aditivos do contrato. Quando foi retomada em abril de 2017, após suspensão de cerca de nove meses, o contrato do BRT Transbrasil sofreu acréscimo de R$ 115 milhões, 8% do valor inicial da obra, de R$ 1,4 bilhão.
— O custo principal a mais é do replanejamento da obra, já que os canteiros foram desmobilizados, com dispensa de pessoal e do maquinário, além de tudo mais que saiu do combinado com a empreiteira — diz Portela, também professor do Coppe/UFRJ.
Segundo o especialista, toda paralisação causa prejuízo financeiro, podendo ser menor, se a suspensão da obra for planejada, ou maior, se ocorreu de forma abrupta. A volta também costuma ser lenta, segundo ele, podendo demorar de dois a três meses para que o ritmo anterior seja alcançado.
Um novo ‘piscinão’
O grande pântano que se formou em frente ao Parque União, mostrado pelo EXTRA ontem, não é o único bolsão de água do trecho de obra abandonada do Transbrasil. Um verdadeiro piscinão se formou em frente ao Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (Ciaga), na Penha, na pista central sentido Centro.
Comerciantes reclamam que, além de prejudicar o escoamento do valão próximo, o buraco aberto pela obra é fator adicional para, quando chove, provocar inundações numa região que já tem bueiros entupidos. Eles se queixam também da iluminação ruim, pois os postes do canteiro central foram retirados. Por isso, têm fechado as lojas mais cedo.
— O buraco fecha a passagem da água que vem do valão, no outro lado da pista (sentido Zona Oeste), e os bueiros estão todos entupidos. Com isso, não precisa ter chuva forte nem demorada para causar estragos. Bastam cinco minutos, e alaga tudo, atingindo as lojas. A paralisação das obras só traz problemas, desde roubo dos fios elétricos dos canteiros de obra até a escuridão provocada pela retirada dos postes do canteiro central. À noite, isso aqui fica um breu, e aumenta o risco de assaltos — relata João Carlos Silva, de 30 anos, vendedor de loja de cadeiras.
Mais um ano de obra
A prefeitura promete retomar a obra até o fim do mês e concluí-la dentro de 12 meses. A Secretaria de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação informou que fará nesta semana ações de escoamento e limpeza das áreas com alagamentos e limpeza dos bueiros, bem como a requalificação dos pontos de iluminação e sinalização.
Sobre a passarela derrubada após colisão com caminhão e nunca refeita, o município diz que ela será reinstalada quando a obra for reiniciada. Segundo a secretaria, o custo da obra até o momento chegou a R$ 950 milhões.

Fonte: O Extra
De Geraldo Ribeiro

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