Internacional. Londres amplia guerra contra poluição dos carros - Américo Martins

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, anunciou medidas ainda mais duras para combater a poluição gerada pelos milhões de carros que circulam pela cidade.

Londres já tem políticas e leis estritas contra a poluição veicular.

Um exemplo é a taxa cobrada desde de outubro do ano passado de carros e caminhões muito poluidores que entram na zona mais central de Londres, conhecida como “T-charge”.

Mas mesmo assim uma parte da mídia e da opinião pública vinha exigindo que o prefeito tomasse medidas mais radicais para tentar conter o problema mais rapidamente na capital britânica.

Como resposta, nos últimos dias Khan confirmou a criação de uma enorme “zona de emissão ultra-baixa“ de poluentes (ULEZ, na sigla em inglês), com altas taxas e multas cobradas até de carros relativamente novos.

Na prática, a nova política pode acabar banindo completamente os veículos mais poluidores da cidade.

Para começar, a ULEZ vai ocupar uma área 20 vezes maior do que a atual  T-charge.

Ela vai cobrir todas as vias dentro da North Circular e da South Circular –duas avenidas que se unem e criam uma espécie de anel ao redor de Londres.

Na comparação com São Paulo, trata-se de uma área maior do que o centro expandido, cobrindo dezenas de bairros.

A partir de 25 de outubro de 2021, a cidade vai cobrar uma taxa de 12,50 libras (cerca de R$ 62) por dia de veículos poluidores que transitarem dentro dessa grande ULEZ.

Isso vai incluir qualquer carro com mais de 15 anos. A medida será ainda mais estrita em relação aos veículos a diesel: qualquer modelo com mais de sei anos movido a esse combustível será taxado.

Caminhões e ônibus poluidores vão ter que pagar entre 100 e 300 libras por dia (entre R$ 495 e R$ 1.487) por dia.

Carros que não pagarem a taxa no dia vão ser multados em 130 libras (R$ 640).

As estimativas mostram que a cidade espera diminuir a emissão de gases poluentes em até 28%.

O controle será feito por câmeras instaladas em vários pontos da cidade, ligadas a uma central que identificará automaticamente o modelo e ano de fabricação do veículo.

O detalhe importante é que a taxa vai ser cobrada 24 horas por dia, 365 dias por ano, sem nenhum desconto para residentes na área.

Ou seja, a ULEZ vai criar na prática um alto imposto para os donos dos veículos.

A ideia é mesmo fazer com que o custo seja proibitivamente alto, forçando os donos a trocar os carros por modelos mais novos.

Ou abandoná-los em favor do transporte público –o que seria o melhor resultado da política.

Américo Martins - Jornalista escreve sobre a vida em Londres, onde mora pela terceira vez --num total de 15 anos.

Fonte: ANTP