Rio de Janeiro-RJ. Custo da volta do cobrador pode pesar no bolso do passageiro


O projeto de lei que pôs fim à dupla função de motoristas de ônibus, abrindo caminho para a volta dos cobradores, tem dividido opiniões. O presidente do sindicato da categoria, Sebastião José da Silva, torce para que o prefeito sancione a lei, aprovada na última quinta-feira na Câmara Municipal. Ele acredita que, se a mudança for implantada, pelo menos quatro mil empregos de cobrador serão criados, mais do que os três mil que ele estima existirem hoje. Usuários de ônibus, no entanto, não têm tanta certeza sobre os benefícios da lei. Embora muita gente ache complicado o motorista ter que guiar e dar troco — o que aumenta a insegurança e o tempo de viagem —, passageiros também temem que o valor da passagem, que diminuiu duas vezes por ordem da justiça este ano, possa ser reajustado para dar conta das novas despesas.
— Não existe só o passageiro que usa o bilhete eletrônico. Vai ter sempre quem paga em dinheiro. Não tem como o motorista exercer duas funções — diz Hildebrando Brasileiro, ressaltando que o custo da readaptação pode recair sobre o valor da tarifa.
O Rio Ônibus, sindicato que representa as empresas, classificou o projeto de lei de “retrocesso” e diz ainda não saber quanto custariam a volta dos cobradores e a readaptação dos coletivos, já que muitos sequer têm mais espaço para o profissional. Cálculos ainda estão sendo feitos pela área técnica dos consórcios. Somente na semana que vem o sindicato deverá ter uma ideia dos custos.
Enquanto isso, a cobradora Luciene Maria da Silva, que trabalha na linha 497 (Penha-Cosme Velho), comemora.
— Vou dormir mais tranquila se a lei for sancionada. Estou perto de me aposentar. Falta só um ano e nove meses. Tenho medo de ser mandada embora. Todo dia tem gente sendo demitida. Quando entrei na empresa, éramos mais de 50. Acho que agora não chega a 20 cobradores. A lei vai garantir o meu emprego — acredita.
Informações: Jornal O Extra

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