Grande Vitória-ES. Empresas querem passagens do Transcol R$ 0,50 mais caras

Foto: Foto: Fernando Madeira

Enquanto a qualidade do serviço permanece a mesma, bem como o alto índice de reclamações de usuários, o Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus) pretende subir novamente a tarifa do Transcol. Se aceito pelo governo estadual, o aumento de 15,97% tornará a passagem R$ 0,51 mais cara ainda neste ano, passando de R$ 3,20 para R$ 3,71.
A proposta foi apresentada à Secretaria de Transportes e Obras Públicas do Espírito Santo (Setop) em junho, mas ainda não houve decisão. Segundo o GVBus, o valor pedido foi estabelecido a partir de um estudo independente feito pela empresa de auditoria internacional Ernst & Young e seria necessário para “zerar o déficit do sistema até aquela data”.
No início deste ano, a tarifa já passou por uma correção e ficou R$ 0,45 mais cara. No entanto, o sindicato explica que embora o contrato de concessão estabeleça que os reajustes ordinários aconteçam em janeiro, a solicitação de reequilíbrio econômico pode ser feita a qualquer tempo.
Mas, para quem sentirá no bolso o peso do acréscimo, o preço é injustificável. “É absurdo. Aumentam a passagem, mas as linhas e os ônibus são poucos. O Terminal de Laranjeiras tem dois bebedouros que ficam ao lado dos banheiros e cheiram mal. Não há higiene”, reclama Ivison Ferreira.
O administrador Gelcimar Lopes acredita que a proposta é incoerente. “Se for pra aumentar o preço e a qualidade não seguir junto não faz nenhum sentido”.
Já o estudante Abel Santos teme que a medida comprometa os salários. “O imposto de renda já é alto, a situação das famílias é complicada e as passagens já são caras. O jeito é começar a ir trabalhar de bicicleta”, sugere.
Em nota, a Setop informa que irá analisar o estudo dos consórcios, mas reforça que a data prevista para reajustes é o mês de janeiro.
A Secretaria de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana (Setran) de Vitória informa que nenhum pedido semelhante foi feito pelas empresas do transporte coletivo municipal. A pasta estuda o projeto de integração dos ônibus de Vitória ao Transcol para o ano que vem, mas o modelo ainda está sendo avaliado.
“Setop não controla qualidade do serviço”
O cálculo das tarifas cobradas pelo uso do transporte público é feito com base em padrões como o Percurso Médio Mensal (PMM) e o Índice de Passageiros por Quilômetro (IPK). Mas, para o professor do mestrado de Gestão Pública da Ufes e mestre em Transportes, Duarte de Souza Rosa Filho, falta controle por parte do Estado diante dos números.
“No meu ponto de vista, a Setop não controla periodicamente os indicadores de desempenho e de qualidade do serviço das linhas. Isso vai contra o artigo 175 da Constituição, que trata das concessões de serviços públicos”, explica ele, que considera muito alto o pedido de reajuste de R$ 0,51.
Para o especialista, a concessão do serviço às empresas privadas prejudica a população. Baseando-se em modelos de gestão de transporte europeus, Duarte afirma que as melhorias só acontecerão caso o transporte público seja gerenciado pelo Estado.
“Poderia ser criada uma empresa metropolitana de transporte, que investisse em conforto e em veículos híbridos, menos poluentes. É hora de pensar em avanços, pois ainda estamos muito atrasados”.
“Não há evidência real do aumento de custo”
Exigir que a população arque com o custo de seu reequilíbrio econômico revela a ineficiência de gestão por parte das próprias empresas concessionárias do Sistema Transcol. Esta é a análise feita pela economista e professora da Fucape Arilda Teixeira. Para ela, já é o momento de o setor evoluir e pensar em novos modelos de administração.
Conforme explica a especialista, é de responsabilidade da empresa manter o controle de suas despesas em relação à sua receita, a menos que ela comprove que os custos operacionais estariam aumentando por fatores externos, como o aumento do diesel ou de alguma alíquota que incida sobre o serviço.
“Mas não houve um aumento significativo de combustível e ainda não se definiu a carga tributária que será cobrada no ICMS a partir do aumento das alíquotas do PIS e da Cofins. Então, não há evidências reais de aumento de custo”, diz a professora.
RENOVAÇÃO
Diante de um cenário de mudanças no setor de mobilidade urbana, Arilda acredita que as empresas devem apostar em investimentos na qualidade e na eficiência. “Hoje as empresas não têm o apoio ou o reconhecimento dos consumidores para justificar os aumentos. A saída dos problemas deve passar por um esforço pela melhoria e não apenas de repasse de valores”.
Informações: A Gazeta

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