Viação Algarve é a quinta a encerrar atividades em menos de um ano

Apesar das passagens de ônibus do Rio terem acabado de ser reajustadas em 11,7%, a situação de algumas empresas que operam o serviço na cidade não é das melhores. A partir desta segunda-feira, a Viação Algarve, que integra o consórcio Santa Cruz, fechará as portas e deixará de operar suas 19 linhas que cortam a Zona Oeste.

O Rio Ônibus, Sindicato das Empresas de Ônibus do Rio, garante que os passageiros não ficarão a pé. A instituição informou que acionou o plano de contingência e que as demais empresas do consórcio Santa Cruz irão dividir as linhas para não interromper o serviço aos moradores da região.
A situação, no entanto, não deixa de ser preocupante. A Algarve já é a quinta empresa a fechar as portas em menos de um ano.
O vice-presidente do Sintraturb-Rio (que representa os rodoviários), Sebastião José da Silva, diz nunca ter presenciado situação como a atual. “De 1982 até 2014, só sete empresas fecharam. Em 2015, já são cinco e vêm mais por aí”, ressaltou.
As dificuldades, segundo o presidente do Rio Ônibus, Lélis Marcos Teixeira, pioraram a partir de agosto. Um dos motivos seria a retração de 12% da demanda de passageiros no estado desde então, influenciada pela queda no emprego: 90 mil vales- transportes deixaram de ser comprados em 2015.
Somente no ano passado, as quatro empresas que faliram cortaram 1.980 postos de trabalho. O Rio Ônibus informou que vai se reunir com o sindicato dos rodoviários para regularizar a situação dos empregados da Algarve e informou que as demais empresas do consórcio deverão absorver parte dos demitidos.
“O setor assumiu as linhas das empresas que fecharam em 2015 e reaproveitou a maioria dos demitidos. A preocupação é se daqui pra frente vamos conseguir segurar mais empregos”, diz Teixeira.
O executivo sugere medidas para enfrentar a crise, como aumentar o controle sobre o uso e concessão de gratuidades, através, por exemplo, da implantação de controle por biometria facial, contra uso indevido do benefício, o que cabe ao Legislativo e ao Executivo. Além disso, ele pede maior combate às vans ilegais e controle do Bilhete Único Carioca.
Especialistas defendem subsídios
Para o presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Otávio Cunha, a falta de subvenção pública ao transporte é uma razão para a crise. “Na maioria das cidades brasileiras, como o Rio, só a tarifa financia o serviço. As pessoas estão deixando de usar o transporte porque não têm recursos.”
O coordenador do Movimento pelo Direito ao Transporte, Nazareno Affonso, sugere a municipalização do imposto cobrado sobre a gasolina (Cide) para que as prefeituras possam subsidiar o transporte público, que, por ser um serviço essencial, deve ser custeado por toda a sociedade, e não só pelos passageiros. Outra fonte de recursos para financiar o transporte público, na opinião dele, deveria ser a criação de pedágio urbano e concessão pública de estacionamentos em troca de investimentos no setor.
Já o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol-RJ) avalia que, antes de se pensar em conceder subsídios, o setor deveria ter mais transparência. “Esse é um setor sem transparência. O controle da quantidade de passageiros e da razão do valor da passagem é feito pelas empresas”, ressalta.
Fecharam ano passado as empresas Translitorânea, do Consórcio Intersul; Rio Rotas e Andorinha, do Santa Cruz; e Top Rio, do Internorte.
Veja as linhas afetadas
A Algarve opera as linhas: 388, 750, 752, 754, 756, 759, 857, 858, 871, 872, 873, 881, 892, 2303, 2307, 2308, 2309, 2331 e LECD14. Sebastião da Silva, do Sintraturb, avisa que outras empresas, como a Transporte Madureira Candelária, estão em situação difícil e podem ser as próximas fechar.

Informações: Jornal O Dia

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