Rio e Minas criam super-trem para estimular turismo interestadual
Representantes políticos,
empresários, voluntários e autoridades de diversos setores dos estados do Rio
de Janeiro e Minas Gerais se uniram para criar o primeiro trem turístico
interestadual do Brasil. Prevista para começar a circular no primeiro semestre
do ano que vem e já batizada de Expresso Trem da Terra, a composição terá duas
locomotivas, quatro vagões e dois
carros
Divulgação: ONG AMIGOS DO TREM |
-restaurantes.
Os equipamentos, da década de 1970, oriundos da Fábrica
Santa Matilde, estão sem utilidade e foram cedidos pelo Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Eles serão recuperados em parceria com
a iniciativa privada.
“Já protocolamos o projeto
técnico operacional no Ministério dos Transportes e na Ferrovia
Centro-Atlântica (operada pelo VLI - Valor de Logística Integrada, do Grupo
Vale)”, diz o presidente da Organização da Sociedade Civil de
Interesse
Público (Oscip) Amigos do Trem,
Paulo Henrique Nascimento, idealizador do projeto.
Reuniões estão ocorrendo entre os
prefeitos de oito cidades dos dois estados, empresários, a Inventariança da
Rede Ferroviáira Federal, líderes dos governos estaduais,
Associação
Brasileira de Preservação
Ferroviária\Porto Novo, Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e
DNIT, para agilizar o processo.
De acordo com Paulo Henrique, o
Trem da Terra deverá circular entre as cidades de Sapucaia e Três Rios, no
Centro Sul Fluminense, Cataguases, Recreio, Leopoldina, Chiador, Além Paraíba e
Volta Grande, em Minas. O trecho tem 187 quilômetros de malha ferroviária
explorada pela VLI, que, porém, desde 31 de julho está inoperante, com o fim
dos carregamentos de bauxita (um tipo de pedra) que eram feitos pela
concessionária.
Estudos apontam que por viagem
serão transportados até 240 passageiros (60 em cada vagão).
preço
do passeio, que vai durar cinco
horas, inicialmente só nos finais de semana, custará entre R$ 40 e R$ 50 por
pessoa. “Negociações com empresas vão propiciar a recuperação de cada vagão por
cerca de R$ 50 mil”, adianta Paulo Henrique. Em nível governamental, cada vagão
reformado sairia entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão.
“Estamos consolidando, juntos,
sem vaidades, um grande projeto, que, além de interligar cidades dos dois
estados, contribuirá para alavancar o turismo, o desenvolvimento econômico e
social, e a preservação do patrimônio público ferroviário”, resume o prefeito
de Três Rios, Vinicius Farah.
Orgãos reguladores terão que autorizar transporte de turistas
Em nota, a Ferrovia
Centro-Atlântica informou, através do gerente de Relações Institucionais da
VLI, José Osvaldo Cruz, que está acompanhando os estudos para as criação do
Trem da Terra.
A concessionária, entretanto,
alegou que possui concessão “exclusivamente para o transporte ferroviário de
cargas no ramal”. O documento, porém, destaca os esforços da empresa.
“Visando auxiliar os autores da
iniciativa, a concessionária repassou orientações sobre projeto especifico para
tal transporte (de passageiros) e obtenção das autorizações legais junto aos
órgãos reguladores do sistema”, diz um trecho da nota.
Durante as cinco horas de
passeio, os turistas poderão curtir paisagens, cachoeiras, fazendas, casarios
históricos, hidrelétricas, lagos e a tranquilidade característica das regiões
Centro Sul fluminense e Zona da Mata mineira.
Trem terá feira móvel e vai gerar uns 500 empregos
O Expresso Trem da Terra, segundo
a Oscip Amigos do Trem, vai gerar 500 empregos diretos e indiretos. “São
pessoas que vão trabalhar no trem, na sua manutenção, nas estações de embarque
e desembarque, e nas lojas de artesanatos.
O projeto fortalecerá também a
agricultura familiar e chamada Economia Solidária. Homens e mulheres do campo
terão nos restaurantes do trem, uma feira móvel, com artesanatos e produtos da
culinária dos dois estados em estandes”, adianta Paulo Henrique Nascimento.
“Considerando o contexto de
declínio social e econômico das últimas décadas na região, o Trem da Terra
ajudará a recompor o cenário econômico”, diz, otimista, o prefeito Fernando
Donzeles, de Além Paraíba (MG), lembrando que as estações serão transformadas
em pontos de comércio e atrações culturais.
Mais dois ramais para turismo serão reativados no Estado do Rio
Trens necessitando de reformas
para entrar em operação não faltam. Segundo a Oscip Amigos do Trem, há centenas
espalhados no País. “A União nunca esteve tão intereressada na reativação
deles, por isso temos insistido em parcerias”, ressalta Paulo Henrique.
Graças à parcerias, uma luxuosa
Litorina (vagão com motor próprio), fabricada nos Estados Unidos há 57 anos,
foi reformada e entrará em operação no final do ano em Miguel Pereira, no Sul
fluminense.
Outra composição, o famoso Trem
de Prata, que, por 40 anos ligou São Paulo ao Rio e parou em 1998, também está
sendo reformada. Os vagõe têm poltronas individuais e cabines-dormitórios, como
um hotel.
O governador Luiz Fernando Pezão
autorizou estudos para a utilização do Trem de Prata na possível reativação de
mais dois circuitos para lazer lazer, ligando Miguel Pereira, Vassouras, Paty
do Alferes e Paraíba do Sul, e entre Lídice ( Rio Claro) e Angra dos Reis.
Informações: Jornal O Dia
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