Metrô do Recife sofre com lixo colocado pelos usuários

Lixo, lixo e lixo. É só andar pela cidade – seja em bairros populares ou sofisticados – para se observar o descarte indevido de detritos em ruas, rios, praias, praças. Como mostrou o JC de quarta-feira, a culpa pela seboseira não é só do poder público. Mas sobretudo da população, carente de educação doméstica. Pois agora as reclamações que chegam à coluna vêm do metrô. São enviadas por usuários e até pelos próprios servidores. Eles se queixam da sujeira em escadarias, trilhos, vagões. “Nossa cidade é suja, e somos parte disso. Os trens são limpos a cada viagem, mas no quesito educação, o passageiro ainda tem muito o que aprender”, desabafa um funcionário do Metrô do Recife (Metrorec). “Uso esse meio de transporte, mas acho que a principal fonte da sujeira são os ambulantes”, acusa o economista Henrique Inojosa Cavalcanti. Conta que os “vendedores” não se limitam a oferecer as mercadorias. “Gritam, empurram, transportam sacos enormes e até ameaçam os passageiros”, diz o bancário.
Foto Ricardo Labastier

Ele já foi até ameaçado de levar uma facada, só porque exigiu o seu direito livre de ir e vir. “As autoridades não fazem nada, mas é porque não querem”, conclui. O leitor faz comparação. “Qualquer cidade civilizada não possui ambulantes no metrô”. Lembra que na última sexta-feira pegou um trem em Camaragibe, e que estava repleto de camelôs. “Já fui ameaçado por um deles, só porque reclamei dos empurrões”. Ele relata, em e-mail enviado ao JC nas ruas, que os ambulantes fazem uma corrente para avisar sobre uma eventual fiscalização. “Mas nem precisa, porque quando o metrô abre as portas, não se vê fiscal nenhum”. E indaga: “as câmeras existem prá quê”?     A Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU) gasta R$ 9 milhões por ano para recolher lixo em trilhos, trens e estações. Mas não informou a quantidade de detritos recolhidos.  Henrique  reside em Camaragibe e trabalha em uma agência bancária no Recife Antigo.

“Com relação ao metrô, o que acho mais absurdo é a situação dos ambulantes, porque parece uma coisa sem controle. Na estação Joana Bezerra, eles invadiram a área completamente. E quando se olha para os trilhos, o que se vê é um mar de garrafas plásticas de água mineral. Os vigilantes parecem não querer problemas para eles, porque nada fazem, só observam. Os passageiros contribuem, porque compram dos ambulantes e descartam o material no chão, nos trilhos do metrô, em todo lugar. Já vi turistas pasmos com aquela situação selvagem no metrô. Nas estações, vemos escadas rolantes quase sem funcionar, sujeira, superlotação, fiscais que não fazem nada”, relata. Conta que quem reclama dos empurrões pode até se dar mal. Para o passageiro, viajar de metrô é um suplício. “Nunca presenciei assalto em metrô, mas há uns seis meses atrás, peguei um trem por volta das oito da noite, e de repente arremessaram uma pedra do lado de fora que quebrou uma das janelas do vagão onde eu estava. Foi vidro para todo lado. Quando desci, avisei a um segurança da estação de Camaragibe”.

E relata que quem leva empurrão, pode até se dá mal se exigir mais educação dos outros passageiros. “Outra vez, reclamei a um homem que dizia pertencer a entidade que ajudava a drogados, e estava vendendo canetas.Reclamei porque viajava tranquilo e ele passou empurrando passageiros que estavam de pé. Ele começou a me xingar, quando desci na Estação de Camaragibe. Na porta, ele gritou para mim: “Da próxima vez que te encontrar, estarei com uma faca. Quando cheguei em casa, enviei e-mail para o Disk-denúncia”, conta.

Informações: JC Online

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