Scania lançará ônibus biarticulado no Brasil
A Scania pretende inflar sua participação nas vendas de ônibus urbanos. O primeiro reflexo da orientação global no Brasil será o lançamento de um chassi biarticulado, programado para julho deste ano. O modelo deve abrir as portas para que a companhia entre em mercados fora de São Paulo, como Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ) e Curitiba (PR). “Não teremos apenas esta novidade”, revela Silvio Munhoz, diretor de vendas de ônibus da companhia para o Brasil. Ele admite que também está em estudo a produção local de um modelo superarticulado.
O executivo trabalha ainda em outra frente para incrementar a presença da marca no segmento: na área comercial e no fortalecimento do relacionamento com autoridades responsáveis pelos sistemas de transporte. Dessa forma a empresa fica próxima dos tomadores de decisões para apresentar soluções, dar sugestões para o transporte público e, claro, participar das licitações.
Com esta postura a Scania pretende reverter o distanciamento do segmento urbano. A participação da companhia é pontual. “Temos cerca de 400 veículos circulando na frota de cerca de 15 mil ônibus da cidade de São Paulo”, conta Munhoz. Além disso, a fabricante tem parcela de 70 chassis de 15 metros a etanol que rodam na capital paulista. Há presença também em Recife (PE), onde a empresa forneceu veículos para o sistema BRT, que ainda não foi completamente implementado.
Com participação tão pequena, a Scania não divulga a meta de market share que pretende alcançar em urbanos, mas mostra otimismo com o segmento. Munhoz acredita que, com a proximidade das eleições municipais, em 2016, o mercado deve ficar mais aquecido. O diretor estima que, apenas São Paulo, município que responde por entre 30% e 40% do mercado total destes modelos, deve demandar cerca de 4 mil ônibus até o primeiro semestre de 2017, considerando licitações que já são aguardadas e a renovação de modelos antigos.
O executivo acredita que a cidade é afetada também pela tendência de aumento dos usuários deste tipo de veículo. Além do empenho da prefeitura para priorizar o transporte coletivo, há certo fluxo de pessoas que tem trocado o metrô pelo ônibus. “Em algumas linhas esta é a opção mais vazia e rápida”, aponta. No médio prazo Munhoz prevê evolução da qualidade do transporte coletivo oferecido na cidade. “Hoje o sistema é desorganizado. Há um plano que, se realmente for colocado em prática, vai melhorar muito oferta de linhas de ônibus na cidade.”
MERCADO
Mesmo diante do cenário econômico e político conturbado, a Scania tem expectativa de que o mercado de ônibus alivie a queda de 26% registrada nos primeiros quatro meses de 2015, quando foram entregues 6,7 mil chassis. “A minha visão mais otimista é de que podemos alcançar volume estável na comparação com o ano passado”, estima Munhoz. Ele considera que os próximos meses serão de melhora gradual da demanda, com perspectiva de aumento da procura por modelos urbanos e de destravamento das vendas de rodoviários.
Em breve deve enfim sair a regulamentação pendente da legislação para as concessões de transporte rodoviário interestadual. O executivo acredita que a proximidade da definição tem dado confiança aos empresários, que estão reabrindo as negociações. “Isso acontece com clientes pequenos e médios focados principalmente em turismo. A área de fretamento está parada”, explica. Munhoz admite que a Scania virou o ano com a carteira de pedidos vazia, algo fora do normal para a companhia, que sempre recebe encomendas importantes nesse período. “Vendemos 270 ônibus no primeiro quadrimestre, 100% eram rodoviários e 90% foram para pequenas e médias empresas.”
Ao mesmo tempo em que faz ofensiva na área de urbanos, a montadora pretende concentrar esforços em um veículo que já faz parte de seu portfólio para acelerar as vendas de rodoviários. “Houve uma alteração na lei da balança, que permite agora que os ônibus tenham mais uma tonelada de capacidade de carga por eixo”, conta. Para aproveitar isso, a empresa destaca o chassi K360 4x2 de 360 cv, que comporta até 52 lugares com banheiro. “Ninguém consegue oferecer uma solução tão competitiva. Não é algo muito comum, mas já temos projeto pronto e é a melhor forma de aproveitar a nova regulamentação”, assegura.
Por Giovanna Riato
Informações: Automotive Business
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