Histurbana São Paulo. Antiga maria-fumaça volta aos trilhos em Campinas

Restaurada, locomotiva alemã centenária vai entrar em operação no ramal Campinas-Jaguariúna
Maria Fumaça CampinasRogério Verzignasse | DA AGÊNCIA ANHANGUERA
Foto de Dominique Torquato/AAN
Uma centenária locomotiva de fabricação alemã será colocada em operação no ramal turístico que liga Campinas a Jaguariúna nos próximos finais de semana. A maria-fumaça integra, desde meados da década de 80, o acervo da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), mas só agora está completamente restaurada.
Peças, que já não existem mais, tiveram de ser fabricadas
A máquina ganhou a mesma pintura—preta, com detalhes vermelhos—que ostentava no começo do século passado, quando corria pelos trilhos da Estrada de Ferro Araraquara (EFA). Depois de quase três décadas encostada nas oficinas, a locomotiva ganha os últimos ajustes para voltar à ativa e a expectativa do grupo é que, até o final de semana, esteja prontinha para os passeios.
A locomotiva foi fabricada em 1912 pela A. Borsig, em Berlim, e adquirida pela companhia estadual, que na época administrava a linha que cruzava poderosas fazendas cafeeiras das regiões de Araraquara e São José do Rio Preto. A maria-fumaça alemã batizada com o número 9 circulou até a década de 50, época em que os vagões de carga já perdiam muito espaço para os charmosos carros de passageiros. A locomotiva, então, foi vendida e passou a ser usada em ramal férreo de uma fazenda até, obsoleta, ser definitivamente “aposentada”. A máquina foi então adquirida pela União e colocada à disposição da APBF para restauro.
No último dia 9, os funcionários e voluntários da associação festejaram muito o fim da reforma, que consumiu anos e anos de trabalho. Na falta de peças para reposição no mercado — e como nem todas podiam ser encontradas em equipamentos desativados —, os operários tiveram de fabricar novas. “A restauração de uma locomotiva a vapor exige empenho artesanal”, diz Hélio Gazeta Filho, diretor da associação. O trem chegou a deixar a oficina e circular, mas a equipe técnica constatou um vazamento nos tubos de controle de pressão, o que exigiu nova intervenção.
Homenagem
Os serviços de acabamento atraem para as oficinas da Estação Carlos Gomes, na zona rural de Campinas, entusiastas como o arquiteto Dênis Esteves, de 34 anos, morador de Ribeirão Preto. Membro da associação, ele conta que acompanhou, passo a passo, a reforma da locomotiva. Como voluntário, ele sempre se ofereceu para executar projetos de restauro de estações. Por conta própria, mergulhou em livros e documentos antigos para explicar o funcionamento da máquina movida a vapor. Mostra as toras de madeira amontoadas sobre o tanque d’água, mostra a fornalha, explica a função dos canos, alavancas e mancais.
A máquina alemã, fala, é especial. O arquiteto mostra a placa metálica afixada no tambor, que leva o nome do maquinista João Baptista, que chegou a operá-la na época em que era funcionário da EFA. Nos anos 80, aposentado, ele se tornou membro da ABPF e, até morrer, acompanhou cada etapa de restauro da máquina.
“A história do maquinista reflete o empenho de cada funcionário, de cada voluntário da ABPF. Não fosse a associação, o patrimônio ferroviário estaria condenado a virar sucata”, afirma.

Informações: SINFER

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