Rio Branco-AC. Em vigor há quase 3 meses, usuários dizem que Lei do Troco é ineficaz

Em vigor há quase 3 meses na capital acreana, a Lei do Troco, que obriga as empresas de transporte coletivo a fornecerem troco aos usuários, é tida como ineficaz por quem precisa do transporte diariamente. De acordo com a lei, sancionada no dia 19 de janeiro, caso o cobrador não tenha troco, o passageiro pode fazer a viagem sem pagar, descendo pela frente do veículo. Mas na prática não é isso o que vem acontecendo. Com a tarifa de ônibus em R$ 2,90, a maior dificuldade enfrentada pelos usuários é em receber o troco de 10 centavos. 

Foto: Aline Nascimento/G1 AC

A estudante de psicologia Luena Melo, de 20 anos, relata que passou por uma situação inusitada quando foi exigir o troco para a cobradora do ônibus. De acordo com a estudante, ela pegou o ônibus na saída da faculdade e, na hora de pagar a passagem, entregou uma nota de R$ 5 para cobradora. Sem troco para entregar à jovem, a cobradora, segundo Luena, sugeriu que ela saísse do coletivo. 

"Fiquei esperando o troco e ela não devolveu.   Eu perguntei se ela conhecia a lei do pagante e ela ficou olhando e falou que também sabia que se não tivesse troco para me dar, também não era obrigada a me carregar. Depois disso, ela fez o gesto com a mão para eu sair do ônibus. Fiquei constrangida", conta.

Ainda de acordo com a estudante, a cobradora começou a discutir com ela para não entregar o troco. "Eu disse para ela que se fosse a situação contrária, ela não me deixaria passar sem os 10 centavos. Eu não ia descer de jeito nenhum, é um direito meu. Quase nunca devolvem o dinheiro e quando a gente reclama, eles ficam com raiva", afirma.

Opinião semelhante é da costureira Maria Paiva, de 40 anos, que também costuma ficar sem o troco quando utiliza o transporte coletivo da cidade. Maria afirma que é comum os cobradores não entregarem o troco. "Eles não estão cumprindo com a lei. Nunca entregam o troco. Não uso cartão, só pago no dinheiro e ando de ônibus todo dia", argumenta.

Maria reclama também das condições dos ônibus, que segundo ela, não oferecem conforto e sempre estão com defeito, além dos atrasos. "Eu pago R$ 6 todo dia. Nossa passagem é uma das mais caras do país e as condições dos ônibus são péssimas", conta.

Para o pedreiro José Alberto, de 44 anos, o troco é um direito dos passageiros e a lei precisa ser obedecida pelos cobradores e motoristas. "A lei não funciona nem no nosso estado e nem no Brasil. Me sinto lesado, na verdade, somos lesados em tudo. Nunca entregam o dinheiro", reclama.

Ao G1, o diretor do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do Estado do Acre (Sindcol), Marcelo Cavalcante, explicou que é entregue para todos os cobradores de ônibus troco para ser repassado aos usuários do transporte coletivo.

"A gente fornece troco para todos os cobradores. A empresa mantém as arrecadações lá  no terminal, que auxilia também na troca do dinheiro. A lei diz que se o cobrador não tiver o troco, pode descer pela frente sem pagar e as empresas cumprem isso", afirma.

Ainda de acordo com o diretor, o mais aconselhável seria que os passageiros adquirissem o cartão, onde é cobrado o valor de R$ 2,75 pela passagem.  Já nos casos de problemas com os cobradores que não devolvem o dinheiro, Melo explica o usuário precisa anotar a placa do veículo e fazer uma reclamação no órgão.

"O melhor para o cidadão é adquirir o cartão, que é gratuito. Com  o cartão, o passageiro paga R$ 2,75 ao invés de R$ 2,90. Não justifica o cidadão querer ter um troco se pode pagar uma passagem mais barata. Dentro do terminal existe uma sala de acerto, onde as pessoas têm moedas disponíveis  para dar o troco do usuário", finaliza.

Informações: g1 AC