Embarque na história: Uma jardineira, duas lotações e três ônibus rodoviários narram trajetória da Expresso Gardênia
Transportar passageiros entre os bairros da então pacata Pouso Alegre, na Região Sul de Minas Gerais, em 1968, não era só um trabalho. Também era pura aventura. Àquela época, eram poucas as ruas pavimentadas do município e a demanda para linhas de ônibus urbanos, baixa. Um cenário pouco progressista, mas que não desanimou o jovem Antônio Afonso da Silva a comprar uma jardineira, uma lotação e assumir o transporte coletivo da cidade. Com o dinheiro de um dos dois caminhões nos quais trabalhou ao lado do pai, entre 1965 e 1968, Toninho, como é conhecido no meio, colocou os primeiros ônibus da Cipatur (abreviação de Circular Pouso Alegre Turismo) para rodar. “O caminhão que você pagou com trabalho é seu. O que eu paguei é meu. Vá, faça seu negócio e seja feliz”, incentivou o pai, Afonso Pedro da Silva, ao filho, que em 1983 tornou-se sócio do Expresso Gardênia. Naquele ano, a frota da empresa era composta por 19 ônibus, enquanto nas linhas da Cipatur havia 25 coletivos.
O tempo passou, os ônibus evoluíram e a Gardênia se transformou em uma das maiores empresas de ônibus de Minas Gerais, transferindo sua sede para Belo Horizonte. O laço afetivo que Toninho tem com Pouso Alegre ficou mais forte, razão que levou o empresário a buscar e restaurar os primeiros modelos de ônibus que marcaram a trajetória de ambas as empresas. “Gosto muito de ônibus, é a minha vida. Por isso decidi dar um presente para Pouso Alegre, reunindo veículos que marcaram a história da cidade”, conta o empresário, que mantém ainda no acervo um Aero Willys 1963 e um Chevrolet Opala 1971, que quando novos, foram usados por um médico e um gerente bancário conhecidos no município.
Jardineira GMC 1952
Exatamente igual à primeira jardineira da Cipatur, o modelo norte-americano é raro e na recuperação teve peças trazidas dos EUA. Ganhou pintura vinho, como nos atuais ônibus da Gardênia, mas conserva bagageiro no teto e escada traseira.
Lotação Grassi 1962
Modelo é igualmente raro, também participou do início da Cipatur e foi usado no transporte coletivo do município até 1982. Alguns anos atrás, foi recuperado pela Gardênia e voltou a ostentar a pintura original, em tons de azul e amarelo
Lotação Metropolitana 1964
Toninho dirigiu uma lotação igual a esta por dois anos, levando trabalhadores para a construção da fábrica da Alpargatas na cidade. Nesse serviço operavam de cinco a seis lotações da empresa. Este modelo foi comprado em 1971 na concessionária Guanabara Diesel, no Rio de Janeiro
Mercedes-Benz O-321 HL 1966
Primeiro ônibus zero quilômetro da frota da Gardênia, o modelo era um luxo para a época e foi encontrado transportando trabalhadores rurais no interior de São Paulo. De construção monobloco, tem motor traseiro, poltronas envolventes e toalete a bordo. O design era inspirado nos modelos alemães, com faróis de milha e calotas cromadas
Nicola 1969
Foi adquirido na época com a finalidade de operar um fretamento, sendo o segundo ônibus zero quilômetro da Gardênia. A pintura azul-escuro era uma característica dos rodoviários que operavam esse tipo de serviço na empresa. Duas poltronas montadas ao lado do motorista e corrimão no teto são peculiaridades do antecessor dos Marcopolo
Mercedes-Benz O-371 RS 1992
O último ônibus a ser incorporado chegou ao acervo por acaso, pois veio de uma empresa de Itatiba (SP), que pertencia ao grupo. Por indicação de Zé Português, encarregado da garagem de Pouso Alegre, recebeu a pintura que marcou a frota da Gardênia nos anos 1990, período em que foi produzido.
Com informações: Vrum
Subfonte: Fortalbus
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