Curitiba-PR. Governo do Paraná estuda reduzir subsídios à RIT


Governo do Estado do Paraná estuda reduzir subsídios à rede de transporte de Curitiba e região metropolitana

Pesquisa de origem e destino mostra que a quantidade de passageiros das cidades vizinhas à Capital é maior que as estimativas iniciais
ADAMO BAZANI – CBN
A quantidade de passageiros das 13 cidades vizinhas à Curitiba que formam a RIT – Rede Integrada de Transporte é maior do que o poder público imaginava.
De acordo com a pesquisa de origem/destino encomendada pelo governo do estado do Paraná e realizada pela Fipe – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, da USP – Universidade de São Paulo, 31% dos passageiros de todo o sistema são das linhas de ônibus metropolitanas. Antes, o governo trabalhava com a estimativa de 21,7%.
Ainda de acordo com a pesquisa, a tendência é de aumento do número de passageiros que têm como origem ou destino as cidades da região metropolitana.
Na lógica do governo, isso permitiria uma redução no valor dos subsídios repassados pelos cofres públicos estaduais à Urbs – Urbanização de Curitiba S.A. que, apesar de ser uma autarquia municipal, gerencia os transportes metropolitanos.
“Se isso se confirmar [o aumento no número de passageiros], o custo, a participação do convênio relativo ao metropolitano reduz. A tendência é essa. Por um princípio simples, quanto mais passageiros, menor a tarifa para cada um”, disse André Fialho que é diretor de transportes da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), à RPCTV, filiada da TV Globo em Curitiba e ao Portal G1, no Paraná,
Ainda não foi definido qual o percentual da redução de subsídios. O governo do estado informou que em 2013 repassou R$ 53 milhões ao sistema.
Os repasses são para garantir as integrações gratuitas entre os ônibus municipais de Curitiba e os que servem as cidades de Almirante Tamandaré, Pinhais, São José dos Pinhais, Araucária, Contenda, Colombo, Campo Magro, Campo Largo, Bocaiúva do Sul, Itaperuçu, Rio Branco do Sul, Piraquara, Fazenda Rio Grande.
No entanto, a possível redução dos repasses estaduais deve gerar discussão.
Isso porque o aumento no número de passageiros não pode ser considerado o único variante para determinar os subsídios. As linhas metropolitanas, em geral, são mais longas e possuem um IPK – Índice de Passageiro por Quilômetro menor. Isto é, os ônibus andam mais e pegam menos passageiros proporcionalmente à quilometragem percorrida. Os custos de manutenção e combustível também tendem a ser maiores em algumas linhas metropolitanas que nas municipais.
Hoje a tarifa em Curitiba e nas cidades da RIT é de R$ 2,85 para o passageiro. Mas o custo por pessoa transportada é de R$ 3,18, o que é chamado de tarifa técnica. Essa diferença é coberta por subsídios públicos. Boa parte das complementações é justamente para financiar as integrações gratuitas entre os ônibus municipais e os metropolitanos.
QUEDA DE BRAÇO:
Enquanto a possibilidade de redução no valor dos subsídios estaduais deve ser debatida, há uma verdadeira queda de braço entre a Urbs – Urbanização de Curitiba S.A. e o Setransp Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana.
O sindicato que representa os empresários de ônibus entrou na Justiça cobrando da Urbs repasses de R$ 9,6 milhões que estão atrasados.
A Justiça determinou o pagamento.
As empresas de ônibus dizem que se os repasses não forem realizados, o depósito da primeira parcela do 13º salário dos motoristas estaria comprometido. A prefeitura ainda diz que antecipou repasses de R$ 16,7 milhões para este fim e que o direito trabalhista já está incluído na tarifa-técnica.
As companhias de ônibus, por sua vez, alegam que estão operando em déficit e que teve de usar todos os recursos disponíveis para manter os serviços.
O valor de R$ 9,6 milhões corresponde a seis dias de operação.
Mensalmente, o sistema de ônibus de Curitiba e região Metropolitana recebe R$ 79,6 milhões. Segundo a prefeitura, deste valor, R$ 36 milhões vão diretamente para as empresas de ônibus.
Os repasses fazem parte de um acordo para garantir as integrações gratuitas , que dentro dos terminhas e estações-tubo, não têm prazo limite e nem quantidade máxima para serem realizadas. Também permitem a manutenção geral dos serviços.
Estes recursos devem ser transferidos às empresas, pelos termos do acordo, a cada dois dias e se referem à bilhetagem eletrônica.
As divergências de dados entre poder público e empresas sobre a cobrança de passagens por cartões é outro ponto de discórdia.
Nesta sexta-feira, o presidente da Urbs, Roberto Gregório da Silva Júnior, declarou que é favorável a uma auditoria no sistema de bilhetagem eletrônica, o que já tinha sido defendido pelas empresas de ônibus.
Atualmente, 55% dos passageiros pagam com cartão eletrônico.
Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

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