João Pessoa-PB: Poluição sonora afeta terminal
Givaldo Cavalcanti
Utilizar o transporte coletivo nos terminais de passageiros de Campina Grande pode colocar em risco a saúde auditiva dos usuários. É o que aponta pesquisa coordenada pela professora do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Nayliane Costa.
Após 2 meses de coletas de dados no Terminal Integrado de Passageiros e no Terminal Rodoviário Cristiano Lauritzen (Rodoviária Velha), comprovou-se que nos horários de maior movimentação a poluição sonora produzida ultrapassa os limites indicados pela legislação.
Segundo o estudo, os dois locais averiguados se localizam em uma zona classificada como diversificada, por concentrar comércio, grande movimentação de pessoas e veículos. Mesmo assim, o limite da produção sonora que não deve superar no período diurno o valor de 65 decibéis (dB), valor que mede a intensidade do mesmo, chegou no Terminal Integrado a uma média de 75 dB, e um pico de 89 dB. Já na Rodoviária Velha a média foi de 71dB, e um pico de 95 dB. Esses valores foram medidos entre as 11h e as 13h entre os meses de dezembro de 2013 e janeiro de 2014.
A professora Nayliane Costa apontou que os fatores que contribuem para que esses índices atinjam valores altos são principalmente os motores dos veículos e os ruídos provocados pela frenagem dos ônibus. Ela ainda apontou que o comércio informal que existe nos arredores dos locais tem sua parcela de contribuição para a poluição sonora, mas que o que incomoda o sistema auditivo dos usuários e que pode levar a dano na saúde é principalmente o ruído causado pelos veículos.
“Os níveis encontrados estão acima do recomendado pela NBR 10151, além do decreto estadual e da lei complementar municipal. Esses ambientes são desconfortáveis quanto ao ruído e também insalubres. A proximidade das plataformas de embarques, o barulho das frenagens dos veículos e a concentração de veículos nos horários de pico possibilita um risco à saúde dos usuários, como também dos profissionais que trabalham no local. A exposição prolongada nesses locais pode causar perda da audição e outros distúrbios de saúde”, explicou a professora Nayliane Costa.
Além de catalogar os dados obtidos através do aparelho decibelímetro, o estudo também realizou uma pequisa com os usuários do sistema de transportes para que o consumidor avaliasse o nível de poluição produzida nos dois locais. De acordo com os números, 60% das pessoas ouvidas apontaram a poluição sonora como maior desconforto nos dois espaços. “A população se sente incomodada, uma vez que a maioria apontou que passa entre 20 e 60 minutos dentro de um terminal. Por isso que essa superexposição pode ser tão prejudicial à saúde”, acrescentou Nayliane.
Apesar dos dois terminais de passageiros estarem localizados no Centro da cidade, onde existe a lei municipal do silêncio que determina a produção sonora de no máximo 55 dB, as pessoas que denunciam o descumprimento dessa norma ainda não apresentaram queixa ao município. Pelo menos foi o que afirmou Denise de Sena, coordenadora de Meio Ambiente de Campina Grande, que apontou que apesar da maioria das denúncias de poluição no município serem a sonora, esses locais praticamente não são citados.
“Por mês nós recebemos cerca de 90 denúncias. Dessas, 30% são de poluição sonora, mas aqui nunca chegou nenhuma vinda do Terminal Integrado, e em poucas vezes a Rodoviária Velha é citada. Nós ainda não tomamos conhecimento dessa pesquisa, vamos averiguar nos locais para ver se os números apresentados existem, e, se comprovado, vamos tomar alguma medida. A maioria das reclamações são de som alto em bares, residências ou em locais próximos de escolas, que mesmo não estando no Centro, todas já compreendem zonas de silêncio”, explicou Denise de Sena.
A reportagem é do Jornal da Paraíba
Foto: onibusparaibanos.com
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