A Greve do Rodoviários no Rio de Janeiro e sua relação com o contexto histórico

Os problemas enfrentados pelo transporte público no Rio de Janeiro não é um fato novo, ao longo de nossa história inúmeras greves ocuparam o cenário carioca. Até hoje a luta dos sindicatos do transporte público é por melhores condições nos serviços prestados e por um reajuste salarial justo. Em 1959 ocorreu no Rio de Janeiro a Revolta das Barcas, esta revolta além de deixar 6 mortos e 118 feridos, resultou na depredação e incêndio tanto do patrimônio das barcas quanto da residência da família de empresários que administravam o serviço (o Grupo Carreteiro), e terminou com intervenção federal e estatização das barcas. Antes da construção da Ponte Rio-Niterói,  o único serviço de transporte entre Niterói (então capital do estado) e Rio (então capital do Brasil) eram as barcas, que levavam aproximadamente 100 mil passageiros por dia (quase metade da população niteroiense de então). No dia 21 de maio de 1959 o sindicato dos marítimos entrou em greve em busca de melhores condições de trabalho. Devido a greve, foram utilizadas duas embarcações especiais, mas com capacidade reduzida. Em 2009, a greve de uma semana paralisou o serviço de trens urbanos da Supervia. Durante o período da greve operaram apenas 40% dos trens, entre a Central do Brasil e Deodoro, só operaram os trens de Santa Cruz e Japeri com intervalos irregulares. O motivo da greve foi lutar por melhores condições no funcionamento da estrutura ferroviária, a Supervia tem sido alvo de reclamações dos usuários que dependem dos trens diariamente. 
A greve dos rodoviários de 2013 me chamou atenção em vários aspectos, o que estava na pauta das reivindicações era a questão do reajuste salarial, mas acho que poderia entrar algo a mais nessas negociações como já aconteceram nas outras greves do Rio de Janeiro, a discussão sobre as condições de trabalho. A maioria dos motoristas trabalham em uma jornada de trabalha elevada, além disso, não tem muito tempo para descanso. Outro ponto importante é com relação a função do motorista. O motorista além de enfrentar o forte calor do motor que fica na parte dianteira do ônibus, exercem dupla função comprometendo com a segurança dos motoristas e dos passageiros. Em meio desse contexto de greve, houve alguns avanços com relação a qualidade do serviço prestado, mesmo assim, muita coisa precisa melhorar. A implantação do sistema BRT na Zona Oeste foi a grande revolução do transporte público no Rio de Janeiro, todos os ônibus contam com o motor traseiro, ar condicionado, contribuindo para um maior conforto na viagem. Mas não basta apenas contar com um sistema moderno, é preciso valorizar os profissionais rodoviários com melhores condições de trabalho e salário.          


Greve dos ferroviários em 2009 fonte: O Globo


Corretor BRT Transoeste fonte: Jornal Extra


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